domingo, 20 de novembro de 2011

Uma breve definição

"Nada do que eu já fiz me agrada. E o que eu fiz com amor, estraçalhou-se. Nem amar eu sabia, nem amar eu sabia." (Clarice Lispector)



É bem triste o fato de um dia, quando estamos em contramão com a esperança, não acreditarmos que alguém tão especial seja capaz de gostar de alguém como a gente. Esses são os piores dias, aqueles que gostaríamos mais de encontrar um par do que encontrar a nós mesmos. E a gente vai caminhando, devagar, olhando sempre para os lados, às vezes para trás, o que, por diversas vezes, nos faz confundir foco com objetivo. Nos perdemos. Passamos o tempo com algumas caras desconhecidas só pra dizer que tentamos nos apaixonar. Já me questionei algumas vezes se estou à esperar ou se sou a própria espera. Afinal, nunca se sabe que tipo de posicionamento em relação ao mundo é o que me põe pra "trabalhar". Mas não... não admito ser alguém que espera, que fica esperando. Não admito que me escolham por eliminação, porque o que busco é ser a primeira escolha de alguém. Aí sim eu acredito que se possa viver um sentimento de verdade, uma história a dois...

Muitas vezes, embora não seja amor, temos a sensação que seja. Talvez seja apenas saudade daquele sentimento de ter encontrado algo para se lutar. Talvez seja apenas saudade de ter com o que se preocupar, com o que chorar, com o que sonhar. Ou talvez seja só saudade de você se sentir vívido. Tanto faz. Porque amor mesmo, eu não acredito que coloque uma pessoa trancada no quarto quando se está sofrendo por ele. Porque amor, em um sentido completamente diferente do que aprendemos, faz bem pra alma, mesmo que não seja correspondido. Amor mesmo é bonito, a gente que estraga ele. A gente que erra em moldá-lo, quando na verdade já existe uma forma - e não fórmula - pronta de amor. Tentamos colocar o amor no bolso, quando na verdade ele é bem maior que uma mala daquelas gigante, de rodinha. Acredito demais que o amor faz bem pra gente, nos faz sair de casa mesmo com o peito doendo, e nos faz buscar uma pessoa melhor, ou só uma pessoa bacana, pra ver se ela se encaixa com esse sentimento maravilhoso. E não, não precisamos de alguém para sentir amor... Precisamos de amor para sentir alguém...

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dor: por que?

Chico Xavier tinha em cima de sua cama uma placa escrito: "Isto também passa". Então perguntaram a ele o porquê disso. Ele disse que era para que quando estivesse passando por momentos ruins, se lembrar de que eles iriam embora, que iriam passar, e que por alguma razão ele teria que passar por aquilo. Mas essa placa também era para lembrá-lo de que quando estivesse muito feliz, não deveria deixar tudo para trás e se deixar levar, porque esses momentos também iriam passar e momentos difíceis viriam novamente. É exatamente disso que a vida é feita, momentos. Momentos bons ou ruins que temos que passar, por algum motivo, para o nosso próprio aprendizado. Porque nada é por acaso...



Esconder a dor. Sou do tipo que faço isso muito bem. Insisto em olhar pra tudo o que passou, e a dor, essa eu aprendi a vê-la diferente. Lembro 'um pouco' de pessoas que abandonei. Lembro 'perfeitamente' de pessoas que me abandonaram. (Notou a diferença?) [...] E sinto que gosto de me lembrar... Com a dor aprendi a me curar. Com a dor aprendi a me proteger. Com a dor aprendi a voar mais alto, a cair com tudo, porque quando escolho eu sei muito bem pra onde estou indo. Dor de amor... Aprendi que posso compará-la àqueles relógios que passam de geração a geração. E quando não quero mostrá-la a alguém, guardo-a no bolso e sigo. Não é todo mundo que está preparado a ver a dor do outro. E nem sempre queremos mostrar como fomos machucados, porque algo de extraordinário, de uma ordem oculta, nos faz tentar parecer fortes, felizes, uma boa companhia. Medo da solidão? Talvez... Aprendi também que foram bonitas as histórias que vivi, e que nunca será o final que definirá uma relação. Aprendi a dar valor a cada momento junto. Aprendi que esperar o fim não me faz alguém sem otimismo. Ao contrário do que se pensam, inevitável é pensar no fim logo de cara, quando já estamos cansados. E com a dor também desaprendi... Desaprendi a me colocar em primeiro plano, já que meu investimento por longos dias têm sido em tudo o que é externo e, sendo assim, não há como dar atenção a duas essências simultaneamente. Com a dor desaprendi a gostar de alguém com tudo o que posso, porque aprendi a ter medo. Com a dor desaprendi a me calar diante de tudo o que eu não gosto, porque um dia aprendi que as pessoas precisam partir quando não estão felizes. Com a dor desaprendi a dar mais de duas chances, porque aprendi que a mentira existe pra ser usada pelas pessoas que não sabem o que querem. E desaprendi a sorrir de tudo. E desaprendi a dançar sozinho. Desaprendi a escolher. Desaprendi prejulgamentos, porque aprendi a deixar a outra pessoa se mostrar não da forma que eu gostaria, mas da forma que ela realmente é. Desaprendi a praticidade da pegação, do amor por uma noite, do beijo por um dia, do abraço que mais parece uma despedida. Mas tornei-me exigente demais com o que procuro pra minha vida. Acredito sim que não podemos abandonar nossos sonhos, que o que buscamos sempre existirá em algum canto. Acredito em amor, mesmo que pareça antiquado, e acredito que eu posso viver uma bela história acompanhado... e se não for de amor, vai ser de família e amigos!

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)