sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Simplifique





Simplifique sua vida: Se não estiver a fim de sair, atenda ao telefone e diga. Se não está bom, diga também. Se tiver algo acontecendo, seja honesto (pois no final, estará sendo mais honesto com você). Não chame um colega de amigo, nem tampouco vice-versa. Não confie em estranhos. Dê mais valor na sua intuição, e para além disso, desconfie dela. Use manteiga de cacau nos lábios em dias muito quentes ou frios. Não critique pessoas que estão surgindo em seu círculo social (aparências enganam e elas podem se tornar seu maior tesouro). Aprenda que suas exigências mudarão conforme a abertura de sua mente. Escute seus pais quando disserem "leve um guarda-chuva" ou "leve uma blusa de frio" ou "não vá". Não pergunte a uma criança se você está bonito quando você estiver de baixo astral. Não espere ser cortejado por alguém que te serviu somente para tapar buracos (pessoas percebem isso e mudam de atitudes para com você). Crie menos expectativas em relação ao outro (pessoas erram, esquecem, não percebem). Não queime o filme de ex ou amigo com quem ainda pretendes reatar laços. Não espere muito do final de semana ou feriados (boas surpresas adoram o acaso). Não deixe as coisas para a última hora, deixe para, no mínimo, faltando umas duas rs. Não mande e-mails ou mensagens contendo informações de terceiros, algumas pessoas podem usar isso contra você. Nunca esqueça sua identidade em casa. Desconfie arduamente das pessoas que tentam te distanciar dos velhos - e verdadeiros - amigos. Tenha mais cuidado com as palavras que usa para se despedir de alguém, podem ser as últimas de ambos. E por fim, opte por não viver programações: a vida foi feita pra ser mais natural.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Passagens



Enquanto o dia nascer, virá com ele a certeza de que tudo o que fiz, tudo em que acreditei e tudo o que se foi sempre tiveram o melhor de mim. Nascerá, ao longe, escondida entre as nuvens, uma esperança que ascenderá luzes onde o olhar já se escureceu. E serei capaz de fazer de novo, acreditar de novo e suportar de novo. Quem vai, que leve consigo tudo aquilo que sufoca, que aperta, que trava, que não surpreende. Mas se quiser deixar alguma coisa, que seja apenas as boas recordações, nada de vestígios de sentimentos doídos atrelados às bordas da alegria recriada. E quem vem, que traga consigo somente a capacidade de se colocar no lugar dos outros. Isso sim é dádiva a ser valorizada. Porque o resto, tudo o que sobra, não passa daquela beleza que sai com sabão e água.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Reelabore, reinaure-se, renasça



Não tão rápido, nem tão fácil, muito menos prático como abandonar uma leitura nem um pouco interessante. Amor envolve mil e uma dores, quando não vivido até o fim. Até o último suspiro por um sentimento. Até esvaziar a última gota de sangue dos pulsos - metaforicamente, por favor. Até a mudança das nossas atenções. Se soubéssemos das bolas de neve em que entraríamos, não teríamos aceitado nem um mísero 'oi'. Mas, infinitamente, tá na hora de sair do papel de vítima. Parar de alimentar os pensamentos que nos tornam megalodramáticos, melancólicos, viciados em abstinência de endorfina. E mudar, nem que seja por um minuto, a música de fossa. Que a gente vive em um mundo de expectativas é lógico, embora a todo tempo esqueçamos. Não que gostemos de sofrer, cá pra nós, mas um bocado de sofrimento é como pimenta, diferentemente aproveitada pelos baianos ou pelos japoneses. Cada um sabe como tem que ser temperado, mas aquele velho clichê de que ninguém nasce sabendo é a mais besta verdade que já ouvi. Precisamos sofrer o ardume dos sentimentos pra só assim considerarmos valedor de pena ou não. E não admitamos que sofrer é natural, porque não é, não mais, não neste nosso zeitgeist. O espírito do momento é  o prazer instantâneo, é suportar pouca dor, ou querem abrir mão da eficácia dos medicamentos? Eu quero! E não, não curto sofrimento, nem tampouco aquele provindo das palavras. Mas suporto. Sou resiliente. E creio que todos sejam. Quer uma dica? Elabore seus sentimentos. Suas vontades. Seus planos, suas perdas, seus sonhos, isso mesmo, no pronome possessivo "seu/meu". Elabore não, Reelabore, reinaure-se, renasça. E o "como?" é a frase mais mágica que encontrei em uma quinta-feira nublada de novembro. Não vou dizer que a vida é uma só. Que o tempo passa. Que morreremos. Não mais. Não direi que você é aquilo que você come, que você faz, e não o que você acredita. Precisamos de pouco, sabe... Um pouco que a cada dia se torne mais. Mais paciência ao ouvir. Mais amor ao falar. Mais coragem ao persistir, e ao desistir só aquela coragem que sobrar. Porque sou da geração que persiste porque quer, e depois não precisa culpar ninguém por isso. E que persiste no fácil e ignora o difícil. Essa ideia de que tudo que vem com facilidade se vai com facilidade não me contaminou. E a melhor que consegui produzir foi a de que tudo vai ser diferente se a gente quiser. Se a gente se esforçar. Se a gente acreditar. E o mais essencial, verdadeiro, óbvio, correto, e sei lá mais o que: se a gente fizer. Se a gente se levantar. Se a gente agir. Às vezes, a gente precisa sonhar pra descansar da vida. Mas se a gente não viver e deixar os sonhos descansarem, acho difícil sair do lugar onde tudo dói... até o amor.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Para todos os amores que não chegaram ao final feliz



‎Como pode a palavra FIM, com apenas 3 letrinhas, ser tão significativa na vida da gente... A resposta gira em torno daquilo que doamos nosso tempo, nossa força, nossas expectativas e sentimentos. E só a gente sabe o quanto é doída a dor de partir, de ter que abdicar planos, mundos e tantos fundos. Ah, se soubessem como me sinto quando escolho ir ou abrir mão de algo que um dia foi tão importante - e que ainda continua sendo, por merecer cada palavrinha presente aqui. Mas a verdade é que tudo tem um tempo na vida da gente, assim como a gente tem um tempo na vida das pessoas. Só que a gente esquece. Esquece a voz bem baixinha do coração, que pede pra gente parar. E pede pra respirar. E nos diz, bem devagarzinho, pra não nos assustar, que os ventos estão mudando. Uma mistura de saudade, alívio, medo, amor, dor, arrependimento... e vodca. Muita vodca! Até quando vai durar eu não sei, mas que seja dito o quanto tentei que desse certo, que fosse bom pra nós. Prefiro abençoar aquele sonho que não chegou no final feliz, que se perdeu no meio de tanta coisa miúda - e que, ironicamente, ganhou forma de miudeza também. Abençoar as pessoas que vêm e vão. Abençoar os amores que não deram certo. Abençoar aquela que ainda não foi a minha vez. E esperar. Paz, pra acalmar meu peito. E amor, novinho em folha. Pra bagunçar tudo de novo, me fazendo feliz outra vez!


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

domingo, 11 de novembro de 2012

Tá na hora de viver novidades


"[...] O meu coração partiu. Para outro lugar." (Gabito Nunes)



"Tá na hora de viver novidades", pensei. Porque de repente me dei conta que há amizades e amizades. Relacionamentos e relacionamentos. Encontros e encontros. Dentre eles, alguns sufocam. Você começa a se fechar em um único mundinho, talvez por medo do que possa vir ou surgir - ou por parecer confortável terras já conhecidas. Mas quando se vê, as coisas se transformam em cimento. Você começa a ser o que as pessoas esperam, não você mesmo, e isso te enforca. Te distancia do que queria realmente ser. As relações começam a ser cristalizadas, programadas. E você passa a já saber, como um dejavú, o que acontecerá no próximo passo, qual será a próxima música. Se você tenta sair um pouco, logo eles querem que você rasteje de volta, e ironicamente ficam felizes com isso. Pode sim haver amor, mas não surpresas. E surpresas é o que move a vida. O que enche o peito de luz. O que dá gás a um balão, para que ele voe mais alto, pra longe, mesmo sabendo que no final ele possa retornar ao ponto de partida. Mesmo que depois de um tempo nada mude, você começa a entender a importância da viagem. E sabe o que é imensamente interessante em um novo relacionamento? Nos primeiros encontros, você se dá a oportunidade de ser uma tela em branco, onde você pinta quem você quer ser. A maioria das pessoas faz isso. Mas enquanto você projeta o que quer ser, escapa-se uma fenda do que você realmente é. E nessa fenda, você vai percebendo o que te impede de se tornar quem realmente você desejaria ser. Herdamos as histórias de amor, de amizade, de cumplicidade, de traição. Herdamos de filmes, novelas, revistas. E perdemos a gloriosa capacidade de ser quem somos. Então compreendo que eu não mudei muito. Estou apenas me redesenhando, apesar de, por diversas vezes, a ponta do lápis quebrar, ou o perder, ou alguém o tomar de mim mesmo. Por tudo isso e mais um pouco, gosto da liberdade. Gosto de críticas. Gosto de como as pessoas me olham, pois só no olhar do outro que consigo me ver, um pouco tremido, embaçado, mas ainda sim consigo ver quem sou. Ou o que esperam de mim. Antes que o outro fale. Antes que o outro julgue. Apenas com o semblante, com meu Eu refletido nos olhos do outro. Rio leve, afinal não sou nem o que o outro vê, nem tampouco o que penso que sou. Sou quantidade, não qualidade. Morro de amor, de saudade, de inveja, de vontade, de sono, de sede, de fome, de pressa, de tanto esperar. Mas aceito com doçura as mortes que a vida tem. As mortes que nos fazem Ser. Porque a gente, a gente pode sim morrer. Agora os sonhos e a esperança... Jamais!

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O que ficou





Nunca me considerei ingênuo demais porque confiei meu coração às pessoas que mentem. Que enganam. Que traem. Não guardei ressentimento algum, embora ainda que doa um pouco, por aquelas que não me concederam a honra da dança. Que não se adequaram aos meus passos. Que não entenderam meus vazios sem fim. Que não quiseram ficar. Jamais me culpei por aquele amor robusto que se tornou fraquinho quando eu falhei em mantê-lo aceso no peito. Que perdi por poucas palavras. Que abandonei por orgulho, pela descrença em ser feliz. Posso ter caído diversas vezes por um sentimento tão solitário, mas confesso que a cada vez que me levantava eu era maior - e acredite, bem melhor. A humilhação pela presença se espalhou pelo meu corpo por algumas quarentenas sim, estiveram em meus momentos doentes - e quem não teve ao menos um? Valorizei cada sorriso dado e correspondi com os melhores que eu soube dar. Posso até ter sido imensamente tolo ao oferecer esse melhor de mim a quem não merecia, mas ressalto, foi o Meu Melhor. O mais belo e precioso. Sacrifiquei-me, doei-me, e orei a cada segundo não para que as coisas fossem do meu jeito, mas para que acontecesse o necessário, algo que ainda não consigo entender. O que ficou, ficou na memória. No peito, Na saudade. Na fotografia. Quando estou bem, sinto que valeu a pena, mas tenho lá meus momentos de que seria melhor não ter vivido algumas emoções. Se ainda me importa, nem que seja um pouquinho, talvez eu arrisque dizer que foi um sentimento inventado por mim. Mas não, eu sei que não, não foi ilusão. Foi realmente amor.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

domingo, 4 de novembro de 2012

Desejo maior



Só os românticos desacreditam no amor, porque bem lá no fundo, num lugarzinho desconhecido, existe uma força que pulsa, que geme, que brilha, que faz cócegas e que aperta devagarinho - mas que ninguém pode saber, ainda, que se chama Acreditar. Sobrenome Fé. Família da Esperança. Onde a melhor definição de Amor é o que esperamos dele, e não realmente o que ele possa ser (se é que ele seja alguma coisa). Habita as estranhezas perfeitas, onde a dor e o amor vêm da mesma fonte. Onde se faz possível amar a mesma pessoa mais de uma vez. Um lugar para abrir caminho para o novo, que consiste principalmente em regar o velho, para que sobreviva em paz na nossa memória carente de recordações. Você sabe que está lidando com essa força quando os olhos vazam, acontecendo a entrega plena juntamente com o medo de não ir de encontro total com o que se almeja. Uma casinha de desejos imperceptíveis, como o que desejo a mim, a você, aos outros, à nós...

P.S.: O meu maior desejo é que você sonhe com alguém bem próximo, com quem menos espera, e que passe o dia todo suspirando por esse alguém. Nada de não ver o rosto da pessoa ou achar que é alguém que vem do futuro ou de fora, lamento. Será alguém do seu convívio. Às vezes é preciso ser surpreendido por um Amor de Possibilidade. Então esquece os clichês de gente encantada. Se tiver sorte, você ainda terá mais uns 60 anos pra isso acontecer - começando agora.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sábado, 3 de novembro de 2012

Dias melhores



Tenho agradecido muito pelas novas situações em minha vida: me permiti viver melhor. Me fizeram acreditar que eu fosse uma pessoa de pouca conversa, poucos amigos, poucas histórias pra contar. Acreditei, e eu, que sempre lutei pelos meus ideais, comecei a viver na sombra de outras pessoas. Por ter a obrigação de entender o outro, me sentia no dever de ceder. Então fui vendo meus dias virarem cinza, em que a capacidade de escolha fugia das minhas mãos. Sim, abri mão de muitas coisas pra ver pessoas felizes (e muitas delas, eu tenho certeza que valeu a pena!). Nunca escondi de ninguém que com muitos eu tenho laços, com outros - neste caso, a minoria - prefiros os nós. E o que me fez desatar os nós que me enforcavam foram as pessoas mal agradecidas, os eventos negativos, ou aqueles que ainda não sabem o que querem. O mundo está repleto disso! O incrível é que você inicialmente tem um prejulgamento que pode estar certo, mas o seu dever de entender o homem holístico tornou-se maior que seus direitos de cuidar de si mesmo, de sentir a forma como algo se apresenta aos seus olhos, às suas mãos. Então jogamos ao léu a nossa capacidade de intuição, apostando em teorias. E transformamos uma pessoa comum, ou às vezes não tão boa assim, em amigos, amores, parcerias. E alimentamos a necessidade da presença do outro sem sequer olhar para nós mesmos. Aprendemos o jeito do outro, fazemos de tudo, absolutamente tudo para agradar, e o que nos sobra? Impaciências, tristezas, somatizações. Até que numa tarde comum e ensolarada de agosto, um anjo toca em sua mente, em seus ombros, em seu coração. Você passa a perceber o quão curta é a vida pra se preocupar com insignificâncias. Você aprende, um pouquinho a cada dia, a eliminar tudo aquilo que te trava, te prende ou te sufoca o riso. Você começa a dar valor em você a partir do momento em que decide o que merece. No meu caso, decidi o que eu não merecia. Interessantíssimo com as cores reluzem quando você começa a entrar em sintonia consigo mesmo, é o que, magicamente, tem me acontecido. Quando deixei de dar atenção àquelas vozes que criticavam tudo o que chegava (que poderia sim ser presentes especiais), foi que a luz começou entrar. Perdoei muitos e enormes erros sim. Atitudes estranhas, pessimimos, palavras ao vento, promessas não cumpridas, sorrisos falsos, mentirinhas (das menores até as mais sérias), também. E não, nem pretendo as esquecer. Quem utiliza as palavras como instrumento de trabalho sabe perfeitamente onde se aloja um discurso e a capacidade que ele tem em nos fazer doer, doentes. Comecei a eleger denominadores em comum, que é a forma como as pessoas têm em se vitimizar. "Ninguém me liga, ninguém me ama, ninguém é o bom o bastante pra mim, ninguém...". Grandes distorções cognitivas crescem, enraizam, e tenho plena consciência que este é um dos momentos onde as pessoas presisam de ajuda - excepcionalmente psicológica. Apoio ajuda, não atitudes. Como podem as pessoas não perceberem o muito que fizeram para elas, algo tão óbvio quanto o nascer do dia? A verdade está em querer enxergar sem se fazer sofrer. Essa é uma forma das pessoas se defenderem, eu sei, mas a partir de hoje, fora de uma boa parte da minha vida profissional, não me deixarei levar pelos mecanismos de defesa alheios. Não mais. Eu não preciso ser sempre o primeiro a correr atrás, pedir desculpas, iniciar uma conversa, telefonar, mandar flores, sorrir. Mas sempre, sempre serei o primeiro pr'aqueles que passaram pela minha análise reflexiva de merecimento, porque o que eu tenho de mais importante são as pessoas que amo. E se entre elas, houver uma que viva de apontar defeitos alheios (que muitas vezes não são alheios), não hesitarei em desatar os nós da vida: manterei apenas os laços, fáceis de reatar, fáceis de refazer. Uma laranja podre entre laranjas saudáveis apodrece o cesto inteiro, isso é natural! E por acreditar tanto na força da natureza, dos belos destinos, da felicidade para todos, comecei a concordar com a teoria das águas em algumas situações: contornar obstáculos...

...Melhor é seguir cantando: "[...] Dias melhores pra sempre..." (Jota Quest)

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)