domingo, 29 de janeiro de 2012

Minha forma de amar no final de janeiro

"Eu amo tudo o que foi, tudo o que já não é, a dor que já não me dói, a antiga e errônea fé, o ontem que a dor deixou, o que deixou alegria, só porque foi e voou. E hoje já é outro dia." (Fernando Pessoa)



Tinha uma convicção de que tudo o que gerasse dependência não me faria balançar quaisquer sentimentos bons. Sempre corri de pessoas fracas. Nunca amei pessoas dóceis. E nem me lembro de despertar interesse por tudo o que fosse "bonzinho". Ao olhar para trás, enxergo apenas imaturidade...

Não sei por qual motivo a gente ama uma pessoa, mas acredito que amar envolva o "como nos sentimos diante de alguém". Alguns amam companhia, outros amam solidão, outros autoafirmação e outros, desafios. O fato de você amar de verdade uma pessoa é o maior mistério! Mas o fato de continuar amando, mesmo depois de anos, é a maior dádiva.

Por muitas vezes, antes de qualquer relacionamento, existe entre os casais uma discussão serena para a construção do elo. Somos seres de palavras difíceis e compreensão duvidosa em se tratando de sentimentos. Evitamos pensar às vezes, é melhor deixar a angústia adormecida. Hoje eu percebo que explicar como amamos é uma grande perda de tempo, afinal, não temos fórmula certa para amar. Aos poucos, compreendi que cada pessoa que aparecia na minha vida me fazia dar uma resposta diferente ao sentimento, o que me assustou diversas vezes. Dizer que é muito tranquilo, sente pouco ciúmes, não é de ligar nem mandar SMS, não é romântico, não cobra nada, entre outras coisas, me faz refletir que tipo de situação estamos criando para nossas vidas. Por mais que tentemos surpreender ou ser surpreendidos, penso que há algo em nós que se não o fizermos, não sustentamos a tranquilidade: a programação. Programar quando e como a outra pessoa aparecerá nos nossos dias não diz respeito a nenhuma surpresa. Eu ligo, ela atende; eu mando SMS, ela responde; eu digo que estou amando, ela também. Viver apenas de respostas nunca foi legal. Viver esperando atitudes também não. Viver no estilo "cada dia um liga" parece algo forçado, ou combinado, ou sei lá, programado. Acredito também que quando a razão toma conta das relações, quando a cautela bate mais forte que o coração, quando o medo é maior que a vontade de se ver e se ter, não exista amor - ainda. Amor programado não tem graça, pelo menos pra mim. Se existe amor estilo "avassalador" eu não sei, mas que seria bom viver um, ahhhh... isso seria!

Sou do tipo que se entrega aos relacionamentos, sejam eles quais forem. Me "ferro" mesmo. Mas até agora não apresentei nenhuma depressão séria por causa deles. Amo e odeio aquela falta de resposta, aquela ligação perdida, aquele sonho que não aconteceu, aquele biotipo desejado, aquele beijo negado. Amo e odeio aquele não com cara de sim, aquela música que fala por mim, aquele cheiro que me lembra a primeira vez. Amo e odeio amar a inteligência, completar com a aparência, e principalmente aqueles quilômetros a mais. Amo e odeio a dificuldade do encontro, o abandono passageiro, a falta de carinho e compreensão, as brigas, as implicâncias, a culpa e até a infidelidade. Mas amar e odiar não construíram nenhum "para sempre" na minha história.

Aos poucos vou aprendendo algo sobre mim, inclusive minha forma de amar no final de janeiro. Amo com intensidade, quero ligar o tempo todo, quero ficar junto o dia inteiro, quero logo perder de vista tudo o que me lembre a solidão. Ainda não sei amar com liberdade. Ainda não sei o que é amar com o uso pleno da razão. Não sei amar calçado, não sei chorar apenas no final, não sei disfarçar a dor da ausência, nem mesmo a alegria da presença. Não sei responder a relacionamentos tranquilos, não sei. Nunca soube esperar um "eu te amo". Não sobreviveria a um namoro sem uma ponta de loucura, porque não sei - e nem quero - me controlar. Não sei terminar aquilo que nunca se começou, nem começar aquilo que mais parece uma continuação do último relacionamento de um dos dois. Não sei não desejar alguém que nunca teve um amor na vida, porque minha vontade de ser o primeiro é intensa. Não sei não perguntar sobre os ex e não sofrer depois. Não sei amar com paz, com confiança, sem medo de perder, porque se dizem que o amor contagia é porque ele mais parece um vírus perigoso, e se não cuidarmos... ele adoece...


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sempre em frente




A cada pôr-do-sol, você vai perdendo sua vontade em se doer, mas não em se doar. Perde sua fome por felicidade breve, mas não seu apetite por longas esperanças. Nem sempre temos tudo o que queremos, mas lutamos por tudo o que acreditamos. Erros fazem parte de cada trajeto, mas só a ignorância pode limitar nossas viagens. Por isso existe o perdão, para fazer brotar novos sentimentos em solo infértil. Por isso existe o tempo, pra nos mostrar que o poder das horas caminha junto com o da reflexão. Por isso existem a distância e a saudade, pra lembrarmos os bons momentos que passamos juntos. Por isso existe a maturidade, pra nos ensinar a dar valor enquanto temos algo nas mãos. Corra atrás do que acredita. Se imponha diante do que lhe faz mal. Pare de ser a vítima da sua história, todo sofredor tem uma porcentagem de culpa, seja ela a mera permissão em deixar o outro lhe fazer sofrer. E pare de fantasiar o que alguém pensa de você, porque ninguém sabe realmente o que se passa na imaginação do outro. Aprenda que "dar o troco", literalmente, tem muito mais a ver com o que sobra do que com o que falta. Na prática, quem quer pagar com a mesma moeda está na verdade brincando (brigando) apenas consigo mesmo, pois não consegue aceitar a falta que o outro lhe faz. Aprenda a conhecer quem é uma pessoa, e não tentar cavar o que espera dela. Até uma criança sabe que em tantas buscas ao tesouro, vários piratas já morreram na praia. Viva a sua vida, ao invés de se preocupar com a dos outros. Seguir cada passo de uma pessoa não diz respeito a sentimentos nobres, mas a uma doença da alma - ou falta de amor próprio, sabe-se lá. Quer se arriscar? Faça novos amigos. Quer correr perigo? Roube uma flor e a dê a quem mais admira. Quer um amor de verdade? Use muito querosene pra queimar seu orgulho. Ao meu lado, a partir de agora, quero apenas pessoas abertas. Porque de fechadas, já bastam as portas de cada coração que encontrei até aqui...

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012



"Nem sempre levamos na mala tudo o que queremos, mas sim o que é essencial à nossa sobrevivência. Por isso, creio que não poderia ser diferente com as nossas escolhas (ou com a escolha de uma outra pessoa em relação a gente): ao dar um passo para frente, é impossível não deixarmos algo importante para trás. Então, de 'pirraça', tentarei ser feliz a cada Agora só para ser feliz Sempre."

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Deixa ir



Uma mistura! De repente, aquele sentimento que se encontrava escondidinho pula da caixa surpresa e me assusta. Aquele único encontro, o mais bonito e importante, é desenterrado, tirado na marra, quase um parto. Precisava sair. E me lembrei de cada promessa, cada sorriso, cada suspiro, cada emoção. A pele respirou intensamente e os olhos brilharam como já não fazia há algum tempo. Já não sabia se era o amor me chamando, ou a dor do abandono praticando o tão famoso bullying. Senti a falta daquele afeto. Já não acreditava que ele voltaria, mas insistia em esperar. Insistia em dizer o que sentia, enquanto as respostas eram objetivas. E fantasiava cada palavra seca, cada interjeição, cada ponto final. Lia suas cartas com doçura, mas não lia sua alma. Fui feliz por instantes. Foram perfeitos aqueles minutos ao lado daquilo que acreditei ser meu eternamente... mas não foi...

Então chega. Chega de priorizar aquilo que não quer ter mais brilho. Chega de buscar o silêncio, correr atrás de vazios, amar para dentro. O que eu quero vai além de qualquer forma de conhecimento, ultrapassa qualquer frase feita, derruba qualquer clichê. Chega de pensar naquilo que não tem mais volta. Agora é hora de dar espaços, limpar a casa, e preencher cada vazio com sentimentos novos. O que ficou pra traz também teve sua porcentagem de culpa, e não sou eu quem vou me desgastar cultivando flores mortas. Já estou farto de relâmpagos e chuvas estragando a paisagem, agora é hora do vento fazer sua parte, levar pra longe qualquer grão de ressentimento que insiste em cegar meus olhos. Acredito mesmo é no calor da alma que pretende chegar, que vive em alguma praia vendendo sorrisos, olhando olho por olho em busca do meu olhar. É hora de respeitar o tempo das pessoas e desrespeitar um pouco o meu comodismo. A espera já ocupou muito tempo, tá na hora de tocar a felicidade pra dentro, como se ela fosse uma criança teimosa, e segurar apenas o que colore a vida e apaga as sombras, ao invés de cuidar de pássaros feridos sabendo que em breve eles irão me deixar...

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

domingo, 8 de janeiro de 2012

Prefiro a Liberdade



Nem sempre é amor. Às vezes é apenas orgulho ferido, ego dilacerado. A vontade de ter de volta cega-se a ponto de querer ter por ter, e poder fazer o mesmo, "descartar". Prefiro a liberdade. É perder muito tempo estar do lado de uma pessoa que não se tem a pretensão de fazer feliz. É jogar fora a oportunidade de encontrar alguém bacana, que nos dê aquilo que precisamos em troca do prazer de só de ouvir a nossa voz. Gente existe pra unir forças, não lamentos. A cada dia mais me convenço de que destino é escolha, é caminho, é acerto e erro. Não busco sabedoria nem aprendizado por detrás de relacionamentos, busco amor. Racionalizar é sobreviver, mas meu momento é meio suicida. Por isso, chega de dar explicações pros acontecimentos. Se for pra amar sozinho, me contento com um espelho.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Felicidade



Felicidade é o preço que se paga por chorar por certas coisas e se tocar a tempo de entender o pequeno valor que elas tinham. É abrir mão de procurar o que se está fora quando, na verdade, percebe-se que a satisfação deve primeiro partir de dentro. Ser feliz é a única coisa que nos resta quando não temos aquilo que queríamos, mas que ao menos tentamos, cuidamos e demos nosso melhor. Felicidade é um prêmio insignificante ao primeiro olhar, costumeiro e rotineiro, que só ganha sentido quando se perde. Felicidade não é estado, é acontecimento, memória e laços. Felicidade é aquilo que fazemos do que se foi. Para os que a abandona é tempo passado. Para os que a ignora é tempo perdido. Para os que a carrega, é tempo eterno...

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)