quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Meu olhar



Abençoado seja mais um dia, em que as emoções, por mais assustadoras que possam parecer, nos acompanham ao longo das horas para nos mostrar que estamos vivos, o quanto somos fortes, o quanto o muito que nos atormenta é pouco comparado à dádiva de se viver. Benditas sejam as pessoas que cruzam nossos caminhos e nos arrancam sorrisos que relutam para deixarem de aparecer. Iluminado seja o caminho, que por mais torto que pareça está, agora, florido de essência tão nossa. Encantadores sejam os dizeres que sem querer nos encontram, e que muitas vezes vêm de um Lugar que conhece a nossa luta, sejam pichados num muro, rabiscados num caderno antigo, enviados por engano a nós via celular ou escritos numa mesa de bar. A vida, que por muitas vezes nos parece difícil, traz sinais de que desistir ou renunciar nem sempre é sinal de fraqueza, mas sinal de mudança. Sinal de que entre andanças, encontros e desencontros, o caminho ainda deve ser seguido em frente. Acredito nas pessoas bem intencionadas, em atitudes de verdade - ignorando aquelas que não sairão jamais da minha cabeça -, assim como no amor real - desfazendo a ilusão de um amor celestial -, nos braços amigos que insistem em nos acolher mesmo que por diversas vezes a gente prefira estar só. E dessa fé tenho aprendido a tornar meus dias melhores, por mais que meu suspiro do momento seja de cansaço. Porque eu sei que todos os dias tudo se ajeita, quando eu mudo o meu olhar.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Olhar pra frente



Tenho tentado me decepcionar menos com as pessoas. Não me afastando, porque conviver bem envolve encarar a presença e os desafios que o outro me proporciona. E é claro, o lugar que a ele eu designei. E das minhas atitudes, confesso que a maioria, embora não pensada, são reflexos daquelas que eu desejo para mim - frutos da educação recebida. Mas o bom de refletir a convivência é que a gente percebe, quando se está com o coração tranquilo e a alma em paz, quem nos trata como prioridade. A gente sabe quem quer a nossa companhia, ignorando a necessidade humana de ficar um tempo sozinho só para estar ao nosso lado. Pra mim tem que ser assim, dar a devida atenção àqueles que lutam pela companhia da gente, bate de frente, nos busca em casa, nos acorda e nos leva para curtir essa vida breve e frágil. Quanto as pessoas que carregam a desculpa da impossibilidade de estar com a gente, eu as desculpo, e para além disso, desculpo a mim mesmo por não saber despertar a real vontade de me ter por completo. Dos frutos oferecidos pela árvore da vida, a gente não tem que se esticar tanto para colher o mais alto. Às vezes, basta levantar a mão e nos dar a chance de saborear aquele que nos é possível. Porque legal mesmo é a surpresa de valer tanto a pena, a ponto de nos proporcionar uma felicidade jamais imaginada. Olhar pro alto é bom, mas olhar pra frente é melhor ainda.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Por mim mesmo



O tempo passou, e com ele as vontades que só eu compreendo. Sentimentos e coisas mudaram, vários deles para melhor. Mas, às vezes, alguns vestígios de memórias insistem em retornar à casa. E por ser feito de vazios, embora persista a vontade de preenchê-los a todo momento, eu sigo, escolho, analiso e oro. Por mais entendimento. Por mais cautela. E que essa pressa não atropele minhas preces por dias de paz e de glória. Nem sempre olhar o que deixei para trás me faz sentir a calmaria que só eu sei que mereço. Mas saber ver adiante, onde cheguei e no que me tornei, ah... não há dor nem perdas que se comparem. Se estou no caminho certo eu não sei. Mas só de poder dizer que é o caminho que EU escolhi seguir já facilita muita coisa. Sem culpados, sem vítimas, sem aquela velha melancolia. Todos esses dias me ensinaram que quanto mais triste eu estiver, mais risos eu terei de dar. 'Por mim mesmo': um novo e melhor motivo para tudo aquilo que posso conquistar em uma vida tão breve. Agora sim eu posso dizer que estou em busca da MINHA felicidade. O resto... é balela.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Amor real



Um dia você conhecerá alguém que te ensinará os sentidos do amor. O cheiro, o gosto, as cores, a sensação, a música. E o mais encantador, o silêncio. Um outro, que como se tivesse caído do céu, te ensinará como é bom estar lado a lado novamente, ouvindo tudo quando não se diz nada. Não se trata mais daquele velho e conhecido silêncio do vazio, mas da completude. Do lugar comum, que te possibilita ser quem se é, sem esforço algum. Um amor real, sem contratos ou promessas, sem cobranças de velhas frustrações. Então, outra vez, a vida confiará na gente e nos entregará uma pessoa em forma de presente, presente, e que nos fará querê-la bem. E mais que isso, fará a gente se querer bem. Reacreditar em milagres, no amor, na felicidade apesar de, nas esperas, e em Deus. Que jamais percamos a vontade de cuidar da gente, não para encontrar um amor, mas até encontrar o amor.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Aceitação



Depois que aprendi a aceitar o que veio para ser passageiro, comecei a dar valor ao que é fundamental.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Quem me faz feliz



Um dia a gente encontra tudo aquilo que a gente procurava, e outra vez a vida nos ensina a agradecer. Alguém aparece e a gente para de desejar que a vida fosse diferente. Alguém que nos ensina em silêncio e nos transforma com atitudes. Alguém que nos mostra que amor é mais que estar junto, querer bem ou ter por perto, e que amar de verdade envolve não só pele ou sentimento, mas entendimento. Então a gente entende que princesas e príncipes encantados existem, e anjos também, mas assim como a gente erram, acertam, escolhem e amam. A gente se torna grato por saber diferenciar o que queremos do que precisamos, e o amor passa a ser vivência, compreensão, companhia mesmo que distante. A vida nos ensina que pessoas perfeitas existem, e que sempre voltaremos a ser perfeitos para aqueles que nos amam. Nos tornamos gratos por aqueles que nos suportam, mesmo que por muitas vezes sem querer os afastemos de nós. Amores que insistem na gente, acreditam na gente, querem um futuro ao lado da gente. Tenho desejado menos e agradecido mais. Tenho esperado menos e agido mais. Tenho reclamado menos e orado mais. Porque eu sei que a vida é breve, por isso de uma vez por todas desisti de correr atrás de coisas que me fazem feliz. Quem me faz feliz é o que me importa agora. Pessoas especiais e que amo são minhas prioridades. Coisas, consequências. Das minhas palavras, que eu não evite em dizê-las quando me der vontade. E que três virem rotina ao lado daqueles que são a minha razão de viver: eu amo vocês.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Amor de verdade



Qualquer dia desses o amor da vida chega sem avisar e muda nossa direção feito árvore que caiu na estrada. Feito buraco pelo asfalto afora. Feito rio que transborda. E tudo aquilo que era pra dar errado começa a se encaixar, porque ali, com a gente, aos poucos tornou-se lugar habitável. Sem exigências. Sem a busca infinita pelo amor cortês. Amor entre seres imperfeitos, que quando estão juntos procuram ser melhores, não para si mesmos, mas para o mundo. Quando o sonho de ter uma vida exposta em vitrine se quebra, espalhando cacos de superficialidade pelo chão. E o que sobra é a vontade de uma vida sem tanta correria, sem tantos desencontros, vida mansa, mesmo breve. E nessa troca de velhos discos de vinis, decidem que ali é aonde querem ficar. Sem promessas de eternidade. Sem contrato para toda a vida. Sem se preocupar com aparências. É quando a gente entende que amores avassaladores, embora saborosos, loucos e carregados de adrenalina, nunca foram amores de verdade. Porque amor de verdade há que nos devolver para nós, todos os dias, sem muito nos custar.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Felicidade



Ou a felicidade está no espaço e no tempo em que estamos, ou ela não estará em lugar algum.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Raízes



Ilusão é achar o pouco um máximo, quando este não passa de uma obrigação. É se contentar com migalhas, mesmo quando a vida lhe oferece banquetes diários. É abrir mão de ser feliz por mero medo de não ser feliz. Que saibamos retornar às nossas raízes, relembrar nossos valores e resgatar o futuro que desejamos para nós mesmos.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Presentes



Em um mundo de tantos presentes, faltam-se presentes. Por isso, para demonstração de afeto não é preciso agradar com ouro ou diamante. Atenção e real preocupação com uma outra vida já fazem a diferença.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Entendimento



Das etapas da vida inevitáveis à fuga, alguns chamam de aceitação, mas eu prefiro chamar de entendimento. Porque as alegrias presentes só foram possíveis a partir das tristezas passadas (e ressignificadas). Que nunca deixemos de acreditar na vontade de Deus - só Ele sabe o que é melhor pra gente.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Sentido da Vida



Sem perceber, entramos nessa imposição do mundo, de sermos pessoas de excelência e perfeição. E nos cobramos demais. No mercado de trabalho perverso, tornamo-nos descartáveis. Temos que dar conta de tudo, senão não somos "bons" o bastante – para nós e para a “contemporaneidade”. E constantemente não somos e nem fazemos o que queremos, mas o que o mundo exige: pessoas sempre sorridentes, eficientes, bem sucedidas, saudáveis, bonitas, felizes e que nunca, nunca param. Isso nos cansa, nadar a favor da correnteza do mundo e contra a nossa. Os sonhos de consumo atropelam nossos desejos mais profundos. Na minha pouca experiência na clínica, me admiram os casos em que a pessoa decide não ser o empresário multinacional famoso e tão sonhado pelos pais, mas o dono de uma agropecuária simples, porque quer ficar perto de casa, alimentar os animais, vender ração pra bicho e ter contato com a natureza. Ou o candidato a vagas de uma empresa, que entre duas funções disponíveis, vendedor com possibilidade de crescimento ou repositor de estoque com possibilidade de um futuro desgaste na coluna, escolhe a segunda opção por preferir trabalhar sozinho, carregar o peso do trabalho, e não o tão cogitado peso do mundo. E depois, ao ser contratado como repositor, sai da empresa, sabe esquecer, separar seu lar do seu trabalho, descansar... São pessoas que na sua simplicidade escolheram o que querem ser, e que não ligam para status, nem posição social, não porque não querem, mas porque o ritmo de vida que isso as demanda vai além da calmaria que elas procuram. Essa é a beleza da clínica, deixar o outro ser. Muitas vezes quando essa vontade de largar tudo nos invade, é porque a gente se sente deslocado do mundo, sem um lugar comum, sem propósitos para tanto. E isso é normal. Eu vejo o ritmo de vida das pessoas ao meu redor e logo penso que é impossível ser excelente em tudo, do contrário não seriam humanos, e confesso que eu teria muito medo deles caso viessem a serem perfeitos – medo e pena, porque até as máquinas têm prazo de validade... Lhe convido a ver seus horários, a hora que você acorda e deita, o rimo que come, o tempo para estudar, para aprender, para ensinar, pros amigos, pro namoro, pro casamento, pros filhos, pra família... E lhe convido a se cobrar menos, se cuidar mais. Não com academia, ou alimentação saudável, ou arranjando tempo para fazer tudo. Se cuide espiritualmente. Esteja perto de tudo aquilo que te faça desligar um pouquinho, é isso que faz bem. Parar, olhar para si mesmo, descansar, refletir e continuar. Chama-se paz. E é isso que desejo a você: que encontre paz em tudo o que fizer. Começando com pequenas orações diárias, sempre dizendo para si mesmo: "TODO ACONTECIMENTO EM MINHA VIDA VEM PARA ME MELHORAR COMO PESSOA." Aos poucos você se dará conta que Deus não te deu nada para que você alcance rapidamente seus objetivos, mas coisas e pessoas para que você cresça como ser humano. Acredito que esse seja o sentido da vida, cuidar das relações humanas para as próximas gerações. Não sou o dono da razão, e você tem sempre a liberdade de discordar... Mas espero ter te oferecido a reflexão.


Das nossas habilidades, a que mais me fascina é a capacidade que temos em dar um sentido para a vida.

Tenha um bom dia!

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Entregas



Sou daqueles que acreditam que devemos ser honestos com aquilo que estamos vivenciando. Mas é claro, sem culpabilizar o mundo e as outras pessoas por isso. Portanto, carrego nos olhos a sensação dos dias, mas sempre sem me esquecer que meu sorriso talvez seja a coisa mais preciosa para aqueles que cruzam meu caminho. Não sei ser amigo, irmão, filho ou amante pela metade. Categorias, por mais que nos exijam posicionamentos diferentes, exigem-nos que sejamos completos. E completude é algo que coloquei na minha lista de prioridades. Seja o sofrimento, seja a alegria, hoje eu sei que esses devem ser extraídos até o fim. O primeiro, para sanar a dor e virar aprendizado. O segundo, para sanar a rotina e virar saudade. Que aqueles que eu amo entendam que foi assim que aprendi a me ser, um ser que respira entregas. Que necessita compartilhar sentimentos, que ama sentir a reciprocidade na pele, que sabe muito bem a hora de limpar e organizar a vida e dar espaços para as novidades. E novidade é aquilo que me mantém um ser desejante, assim como a demonstração de afetos para comigo, em resposta de tudo o que eu demonstro (ah, e como eu demonstro!). Já não me dói seguir por outros caminhos e abandonar aquele carinho apagado e costumeiro. Estou seguindo o fluxo do mundo, e decidi ser feliz todos os dias, mesmo sabendo que o sofrimento faça parte da condição do viver. Porque eu sinto, muito. Sinto muito.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Caminho



Da árvore do tempo, que eu colha os frutos da sabedoria até meu último dia. E se eu não souber o que quero, o que eu não quero já será um bom caminho.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Pontu(ação)



Pontos finais que não silenciam, vírgulas que não retêm, exclamações que não surpreendem, interrogações que de mais nada querem saber. Prefiro morrer.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Abandone o medo



Deixando de lado o medo de ser feliz. Aprendendo que os erros passados não precisam se repetir no presente. E que ninguém além de mim mesmo é capaz de travar meu riso. Permitindo o Outro ser quem ele é, sem colocar meus pontos finais em sua fala. Abrindo espaço para as coisas boas entrarem. Acreditando mais no meu Eu, e entendendo que sorte é o nome que deram para as oportunidades que surgem quando eu não tenho receio de tomá-las para mim. Subindo aos poucos na vida, observando com esmero a paisagem, sorrindo sempre para os que estão à minha volta, atrasando meus passos vezenquando para dar uma mão àqueles que necessitam. Pois só caminha calmo aquele que sabe onde chegar. Plantando e colhendo paz, sempre agradecendo a Deus por tudo. Porque hoje eu sei que o que me faz feliz não são as coisas que me faltam, mas as que eu tenho comigo, dentro de mim.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Viva o hoje



As pessoas falam tanto em respeitar os mais velhos que, contraditoriamente, vivem em função do futuro. Esqueceram que o Hoje é mais velho que o Amanhã.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Ser



Abandonei pesos desnecessários e pensamentos que não impulsionam. Porque o que se leva dessa vida é apenas aquilo que se bebe, que se come e que se sente. Distribuindo sorrisos, oferecendo amor e desejando sucesso àqueles que cruzam o meu caminho, uma vez que a gente só pode dar aquilo que a gente tem. Você sempre saberá quando não deu o máximo de si, mas nunca saberá quando fez demais. Por isso, adeus às expectativas que adoecem, às ingratidões da alma e à mania de querer que os outros sejam aquilo que eu preciso. Ninguém está aqui para satisfazer ninguém, mas porque a vida só é possível quando estamos em companhia. Que as pessoas apenas sejam.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Dando livros



Já tentei começar a ler um novo livro sem terminar muitos outros, mas que no final não fazia sentido continuar a lê-lo. As histórias do passado, de alguma forma, me traziam para perto a vontade de desistir. Foi assim que entendi meus Quase Amores, que no final não passavam de vestígios do que poderia ter acontecido se tivesse dado certo. Não há como dar espaço para um novo amor entrar se ainda pulsa a sensação de que nos resta um capítulo não lido de um livro: ou é preciso ler até a última folha, ou é preciso doá-lo a uma outra pessoa - e que fique bem claro, me recuso a jogar fora ou queimar histórias que me acalmaram, mesmo que brevemente, o coração. O 'Se' que nos acompanha sempre será o mesmo 'Se' que nos impulsiona, do ponto de vista das possibilidades. E Se a gente não se liberta daquilo que nos prende, na certa será impossível obter resultados diferentes. Decidi limpar meu quarto, organizar minha estante, dar uma geral na minha vida. Por isso, andei doando livros por aí, mas nunca sem antes abençoá-los. Que meus livros e meus ex-amores sempre caiam em boas mãos. Melhor que livramos daquilo que nos retém o riso é devolver ao outro o 'ser história de amor com final feliz' para alguém. Porque a vida continua... E a felicidade, também.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Confiança



Renascer é morrer um pouco e voltar à vida com novas estratégias. É abrir mão de caminhos que nos levaram aos mesmos lugares e apostar em novos horizontes. É renovar-se, amar outra vez e confiar. É renascendo que você aprende a chegar ao fundo do poço, ascender a luz da fé e, calmamente, lubrificar as velhas molas. Aquelas, que nos jogam além de onde sonhamos ser e estar. Confie, queira e durma bem. Lute, e o que há de melhor vem.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)



Não me diga para esquecer alguém que foi capaz de me fazer feliz por poucos instantes. Não me diga para jogar fora os vinis que me trazem lembranças doídas, mas que mais me aproximam daquilo que ainda existe em algum lugar do tempo. Não me diga para não procurar, não mandar mensagem, não correr atrás, desligar na cara de quem não tá nem aí. Não me diga que não existe aquele amor de filme, nem me venha com a velha história de borboletas nos ombros, tampouco que uma pessoa especial só aparecerá quando eu menos esperar, porque eu não sei esperar menos. Me diga apenas que tudo dará certo, que o relógio sempre será um aliado, para eu continuar a decorar meu caminho com rezas, a comemorar com flores e a ver como são bonitas as nuvens carregadas de chuva. Me ofereça um café e não se esqueça de me olhar nos olhos. Não me dê presentes, me dê presença. Me peça para chorar quando suas palavras servirem apenas para você. Me dê a mão e me tire para dançar toda vez que eu quiser me trancar no quarto. Me arranque de casa, me leve ao encontro de lugares tão confortáveis quanto meu costumeiro lar, me poupe de meias verdades, me apresente novos poemas e novas canções, mas sempre sem menosprezar tudo aquilo que carrego comigo e que aprendi a suportar. Não demostre Dó, porque Sol é a clave que escolhi tocar até em dias nublados. Me deixa ir embora de vez em quando, mas me busque sempre que sentir saudades. Me conte seu ponto de vista, mas não se esqueça que eu só consigo enxergar com o meu. Me entregue sua positividade que eu lhe darei o meu melhor sorriso. Entenda meus paradoxos e se não for pedir muito, não ria deles. Acredite comigo que a música só para para quem não sabe cantar. E se eu errar a letra, que você não se esqueça que eu acertei a melodia, assim como quem pula de relacionamento em relacionamento, até acertar. Creia também que tudo na vida carrega um propósito. Porque de céticos já bastam meus pensamentos bobos que decidi cantando, de uma vez por todas, deixá-los para Lá - a sexta nota musical.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sinais



A vida lhe mostrará, por diversas vezes, o quanto ela é breve. Por algum tempo, muitos eventos se apagarão das suas doces lembranças da infância, mas que virão à tona toda vez que encontrar pessoas que souberam guardar as coisas mais simples como as mais grandiosas nesse espaço chamado memória. Elas te ensinarão, outra vez, a dar valor ao que o passado lhe proporcionou, e não somente às marcas rudes que insistiram em ficar. Você perceberá que já não é mais uma criança, mas ainda está longe de ser o adulto que pensou que se tornaria. De toda forma, saberá encantar com seu jeito único, mesmo que queiram te dizer o contrário. E independente daquilo que você alcance, saberá cuidar muito bem de tudo o que for destinado a você, entendendo que nenhuma profissão deverá se tornar a sua definição como pessoa, mas sim aquilo que você faz. Você sentirá um aperto no peito toda vez que fizer coisas que não gosta, mas verá que são apenas atos protetivos, já que muitas vezes sentir raiva é bem melhor do que sentir falta. Você também chorará por não ter ninguém, mas agradecerá por dias e dias a esses momentos só com você mesmo, quando olhar pra trás e ver tudo aquilo que conquistou por mérito seu. Você viverá tempos de muitos amigos e outros com bem pouquinhos, e só restarão aqueles que souberam te perdoar e te ver com todas as suas incertezas, impurezas e imperfeições. Você se apaixonará muitas vezes, mas em uma dessas o amor será avassalador, fazendo-o dizer 'nunca mais'. Demorará muito tempo até você encontrar o beijo, o abraço e o cheiro que foram feitos para você. Nesse grande intervalo você desacreditará em tanta coisa que dirá com toda sua convicção que 'nunca mais'. Até que aparecerá alguém na sua vida que derrubará essas palavras, fazendo-o esquecer o 'para sempre' e, maravilhosamente, acreditar  no 'enquanto durar'. A cada esquina, um novo sinal te mostrando para onde deverá seguir. Basta estar atendo - e se não for pedir muito, sem deixar de amar aos outros e a ti mesmo.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Do que eu gosto?



Gosto do que é feito de levezas, do lado bom das pessoas, de tudo aquilo que me resgata da masmorra onde não existem sonhos ou planos. A porta está sempre aberta para quem acredita que dividir a própria história a deixa cada vez mais bonita, e para além disso, mais nossa. Você sempre terá meu melhor lado, mesmo que me desaponte algum dia. Porque se o seu nome for Bagunça, o meu sempre será Recomeço.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

domingo, 7 de julho de 2013

Surpresas



Que sejamos surpreendidos pela vida com situações que toda vez que vierem à mente, sejam capazes de nos fazer sorrir.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

(DES)limitar-se



Chega o fim do dia e você percebe que só agora se lembrou daquilo que resolveu deixar no passado. Aos poucos criamos asas e ousamos voos mais distantes. O amor deixou de ser um fardo e quase se esbarra naquilo que você quer outra vez para a vida, com muito mais Eu. Você entende que aquilo que te sufocava já não faz tanta falta, e pela primeira vez você se vê melhor. Sobra espaço para preencher a bagagem e isso te torna uma pessoa de leveza admirável. Você começa a achar patéticas as coisas que fez para reter pessoas e coisas que só eram suas porque você tinha algo a oferecê-las. Você aprende a rir dos motivos pelos quais se apaixonaram por você e os começa a contabilizar, chegando à terrível conclusão de que ninguém te amou por aquilo que você era, mas pelo que você proporcionava, pelo que você fazia, porque você não incomodava, porque você transparecia ser alguém infinitamente bonzinho - para os outros. E o sentimento desesperador de não ser amado como gostaria dá espaço à sua forma de exigir o amor. Suas escolhas tornam-se favoráveis a você, e instintivamente aprende a querer, de agora em diante, o seu bem e a sua felicidade. O tempo se torna seu aliado, assim como as ameaças que a vida lhe proporcionou. Os passos dados em falso viram passos de dança para uma nova coreografia, um novo momento, numa era de revoluções. O destino já não possui o total domínio. Você está mais maduro, mais certo do que quer para si. Tudo aquilo que você fez repetidas vezes ganham novos sentidos, e você aposta em um novo caminho. A palavra arriscar já não soa como algo que envolva perdas, mas como uma forma de aprender a vir-a-ser. E aquele sujeito limitado deixa de te prender às rotinas que em nada lhe acrescentam. A saudade já não dói, porque você finalmente descobriu que saudade é um preço que se paga pelos melhores momentos. E dormir não é mais um ato de descanso, mas um gesto de paz.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Mera opinião

O sujeito reproduz todos os mimimi's sobre copa, política e protestos. Mas finge estar dormindo para não dar lugar a uma gestante ou a um idoso; recebe troco a mais e não devolve; fura filas; mente e briga com a operadora de celular ou internet ou tv para se beneficiar; inventa histórias sobre outras pessoas alegando que "ficou sabendo de fontes seguras"; participa de campanhas como se quisesse afirmar "eu não faço isso" mas faz; trai o parceiro e condena a traição em encontros de casais; diz não ter preconceito, mas a qualquer oportunidade refere-se a alguém (para alguém de confiança) como "puta", "viado", "preto" ou "pobre"; adora dizer que todo político é corrupto, mas não se lembra em quem votou nas últimas eleições; utiliza do direito de expressão para dizer coisas sem saber quase nada daquilo que se diz; come escondido e alega não saber porquê engordou; não ajuda nem a própria mãe/pai/cônjuge nos afazeres de casa; deixa o lixo em dias que a coleta não vem, e foda-se os vizinhos com o mal cheiro; responsabiliza as mudanças do nosso país àqueles que "ganham para isso"; desconta suas iras diárias em quem ama; é sempre vítima do mundo, dos outros, das circunstâncias, do destino, do governo, do parceiro, da inveja, do mau olhado, da mandinga e do satanás, porque é mais conveniente colocar a culpa em algo do que abandonar essa atitude passiva, de quem apenas lê os jornais (isso quando lê) e que "ainda bem que está longe de mim". O problema maior não está naquele que pratica o mal, mas naquele que vê o mal acontecer e ignora. E o pior, consegue não ter nem uma gota de compaixão para com aqueles que lutam por seus direitos, custe o que custar, zombando do povo e não se reconhecendo como parte do povo. Eu não sou santo. Mas pelo menos não finjo que estou excessivamente comovido só para ter algum assunto que me coloque em lugar de destaque (reconhecimento), ou em lugar de "informado". Embora sozinhos a gente não consiga mudar o país, sozinhos podemos tentar cuidar do ambiente em que vivemos. Pensando antes de falar ou fazer. Se colocando no lugar do outro. Discutindo ideias. Respeitando. Perdoando. Errando, mesmo sem a intenção. Pedindo desculpas. E tentando outra vez.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Passos



A regra é se colorir todos os dias e levar na memória aquilo que nos trouxe as melhores sensações. Mesmo que o inesperado bagunce a nossa listinha de planejamentos e mesmo que o vento derrube os nossos sonhos mais profundos. Não precisamos culpar o destino, nem inventar histórias banais pelos temporais que vêm sem avisar e nos levam as coisas de grande importância. É preciso continuar com a lembrança viva da nossa origem, da nossa história, das nossas batalhas, mas sempre sem nos agarrar à elas. Valentia mesmo é parar de justificar o presente com o que passou, abrindo possibilidades, reinventando coreografias e quebrando limitações. Porque se a música toca, e a gente se toca que as danças nos exigem passos, não uma explicação.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Bom dia, dia bom



Embora eu seja um adorador dos finais de semana, férias e feriados, ainda é terça-feira, mas eu acordei com a sensação de que algo muito bom (e que desejo tanto) está prestes a acontecer. Ao sair de casa, dei um beijo na mãe. Dei tchau ao meu irmão. Dei bom dia a uma vizinha, bom dia ao motorista e bom dia ao trocador. No ônibus, uma colega de sala sentou ao meu lado, conversamos pouco, mas ela é daquele tipo de pessoa bacana que você fica à vontade até quando está em silêncio. Cheguei no trabalho assoviando, tomei um café quentinho e saboreei um pão de sal estranho, mas que tava bom pra caramba! Sentei na minha mesa, concentrei nas tarefas e consegui adiantar muita coisa. Um rapaz veio receber da empresa mas não tinha troco, então eu me virei para ajudá-lo a "não perder a viagem". Na hora do almoço auxiliei a uma senhora atravessar a rua, fui ao banco, paguei uma conta atrasada (quem nunca? rsrs), voltei e sentei na frente do computador. Pros leitores, eu posso não ter vivido nenhuma emoção fora da rotina. Pode ser um texto estranho, assim como meu pão de sal. Mas escrevo saboreando meu dia. O simples fato de ter a sensação de que algo bom vai acontecer está fazendo meu dia valer a pena. E sensação a gente tem porque a gente espera - e cria. E faz a vida ser boa. Não fiz nada de extraordinário e talvez tenha feito muito pouco em relação ao bem comum. Mas se à meia noite eu ler sobre esse dia pacato, eu vou saber que tudo foi resposta dos meus atos. Interessante porque quase no final desse texto surgiu uma "amolaçãozinha", mas que já foi resolvida. Reli o que escrevi, fiz as correções ortográficas, sorri e pensei: Nada de ser vítima dos acontecimentos. Nada de ser alvo das críticas do mundo. E nada de me limitar diante da submissão do que os outros vão pensar. Estar bem comigo mesmo, sabendo que não usei da má fé pra atingir algum status ou objetivo, isso é o que importa. Como li num post de um amigo - e adorei! - o resto... é treta.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

terça-feira, 28 de maio de 2013

Erros



Todo mundo já errou feio com quem ama. A diferença está em arcar com as consequências ou passar tempos driblando-as para sair 'por cima'. Isso pra mim é mais que falta de caráter - do ponto de vista moral-, é não saber lidar com os próprios defeitos, empurrando-os àqueles que talvez não tenham vontade ou habilidade suficientes para por à prova os nossos erros. O que aprendi com as minhas falhas foi a entender que, queira eu ou não, deverei enfrentar a solidão e a dor de perder a confiança de quem amo. E terei de sobreviver sem tudo aquilo que antes era cômodo e feliz. E terei de aprender a lidar com a saudade e com a culpa, trabalhando arduamente para tentar consertar inclusive os corações que quebrei. Hoje eu posso ver que o tempo é um grande aliado, já que é com o tempo que a poeira abaixa e as coisas começam a ganhar uma menor, e talvez até melhor, importância. O que a vida me mostrou foi a saber sentir a mais profunda dor de perder quem eu amo, mas como recompensa pude conhecer novos lugares, pessoas e sentimentos. Por um lado existe o arrependimento, e imagino que se eu voltasse no tempo, eu agiria diferente sim. Mas não me culpo tanto, uma vez que a verdade sempre dependerá de um ponto de vista. Tenho pena de ter trocado tanta coisa na vida, mas ao mesmo tempo não trocaria meu agora pelo ontem. Por isso, os erros que cometi eu decidi chamá-los de algo mais suave - porém com o peso exato de responsabilidade: Experiência.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Cuide bem



Vai chegar a hora de entender o porquê de tantos desencontros nos nossos encontros, os motivos por cada momento que escorreu entre os nossos dedos, as lágrimas derramadas diante de cada abrir e fechar de mãos, os apertos que ficaram no peito ao simples fato de lembrarmos de alguém, num gesto gentil de adeus. Vai chegar o dia em que os pedidos mais íntimos se tornarão agradecimento, e o coração quase que explodirá de tanta felicidade, e as manhãs de segundas-feiras ganharão um tom azul-anil capaz de nos despertar para o amor e para a vontade de fazer florir. Chegará o momento em que os relacionamentos mal sucedidos terão a forma de um pássaro branco que, voando ao longe, derramará bênçãos à nossa nova história, e que por final das contas seremos capazes de os perdoar, e de nos perdoar também. E toda vez que julgarmos não merecedores de tanta graça, este será o tempo de entregar ao Divino tudo o que Dele veio, e então prometeremos jamais deixar tamanha alegria se perder dentre as desavenças dos caminhos. Chegará a hora em que a troca será o principal motivo para os corações baterem juntos, sem pressa, sem medo, sem se preocuparem em ser aquilo que não se são, e, finalmente, ambos saberão ouvir e viver o que a alma sempre insistiu em dizer: cuide bem do que é seu.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Calmaria



De todas as minhas habilidades, que eu nunca perca aquela que me possibilita acalmar meu coração. Que eu continue acreditando em dias melhores, em pessoas melhores, em momentos melhores. Que eu mantenha minha fé sempre de pé, mesmo que muitas vezes eu pense em desistir. Que os livros continuem me encantando e que eu aceite que minha história não será como nenhum deles - mas que seja bem melhor. Que eu não perca a vontade de me tornar alguém rico em atitudes positivas, principalmente para comigo mesmo. Que o amor e o respeito que tenho por mim continuem me guiando para o lado de pessoas boas, e me afastando de outras não tão boas assim. E que apesar da rotina pesada me tornar alguém cansado, que eu nunca me canse de começar um novo dia, uma nova semana ou um novo ano, com a alma também renovada. Que o amor sempre me aconteça, e que eu aprenda a discerni-lo das paixões avassaladoras que insistem em surgir no meu caminho. Que eu saiba lidar com a expectativa, e que eu a perca de vez em quando também. Que a calma me faça ver melhor os olhares que me querem bem. E que a pressa por ser feliz se transforme em sorrisos, assim como a velha mania de levar a vida tão a sério. Que eu mantenha o equilíbrio sempre que usar o poder da oração. E que os anjos digam Amém.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Mais uma vez, Amor



Me pego outra vez sem você, embora eu te tenha em pensamento quase que nas minhas 19 horas diárias, acordado. Fico pensando no seu sumiço e já não estranho tanto. Apenas sinto: sua falta e por nós. Pelos meus planos que a realidade insiste em me dizer que nunca foram seus. Ou foram, mas seu medo de amar te deixou um pouco frígida. Eu mudaria por você se houvesse um único momento, sabe... Mas seu jeito distante me afirma, de alguma forma, que não posso mais insistir. Eu sei que se você me chamasse eu iria correndo mas, às vezes, pra não dizer sempre, duvido que você faria o mesmo por mim. Foi quando eu me percebi na tentativa de te dar o que não tenho é que entendi o amor. E foi quando eu deixei de te fazer o que eu gostaria que fizesse por mim e passei a ver você que eu aprendi a te amar. Com suas imperfeições e inquietações. Estou me acostumando a te ver passar sem aqueles olhos nos olhos. E também tenho aprendido a suportar a falta que você me faz. Acho que amar é isso, insistir até não ter mais jeito. Se foi pra gostar, eu gastei e gostei tudo o que tinha. Mas agora é hora de dar uma volta, uma arejada talvez. Minhas lutas diárias têm me ensinado tanta coisa... Uma delas é que o amor não é um jogo. Mas quando se torna, acho que sei perder.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Nossa história



Tenho pensado tanto em você que já não consigo passar um dia sequer sem escrever alguma coisa relacionada à nossa linda e breve história. Talvez eu sinta a sua falta, inclusive porque entre tudo o que eu poderia ter sido para você, eu escolhi ser saudade. Talvez, de vez em quando, surja uma revoltazinha por sentir o vento passando entre meus dedos, onde na verdade deveria existir o toque das suas mãos. Talvez o peito aperte, e eu acredite que você poderá voltar, e também duvide que você poderá voltar. Então eu choro discretamente, de uma forma nem Deus possa perceber. Talvez os anos passem, a dor diminua um pouquinho, os sonhos mudem de direção, você perca o meu foco e passe a fazer parte da minha memória mais bonita. Eu deposito todo sentimento que entristece em um emaranhado de papéis amarelados, e aposto mais e mais e mais na fé. Eu anseio pelo futuro, porque é a forma mais atraente que encontrei de me doer menos e me doar mais. Aí me resta sonhar. E seguir. Um dia eu passarei pela graduação, me tornarei um profissional conhecido e bem qualificado, conseguirei amar de novo, tão quanto intensamente, constituirei uma família, conquistarei meu apartamento, também uma casinha na roça, meu carrinho, um cãozinho, um gatinho e um papagaio de estimação. E quando eu estiver bem velhinho, de cabelos brancos, já sentindo as dores fisiológicas do tempo - porque as psicológicas andam comigo desde o dia em que nasci -, eu vou me deitar numa rede e verei a chuva cair de fininho, e terei vontade de esquecer do mundo e me entregar ao meu silêncio, e lembrarei de tudo aquilo conquistei, e me sentirei, mais uma vez, um pouco feliz. E o sol aparecerá, e meus netos chegarão na varanda correndo, e gritarão bem alto: '- olha vovô, sol e chuva, casamento de viúva!' Talvez eu me lembre de você nesse momento, porque será a mesma frase que dissemos juntos da última vez que nos olhamos, sem falar de como corremos pra encontrar um pedaço de madeira primeiro que o outro, para que nenhum dos dois tirasse nossa "sorte". Talvez bata uma vontade de voltar no tempo, de ter insistido mais, lutado mais, me aberto mais, e fizesse mais que tudo para que tivéssemos construído tudo isso juntos, mesmo que um ou outro se perdesse no caminho. Talvez eu me arrependa de não ter feito o impossível para te ter para sempre, até o último dia de minha vida, comigo. Ou talvez essa não seja a minha história, e sim a sua.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Para uma amiga especial em um dia triste




Eu senti um anjo. Não vi, nem ouvi, mas senti. E aprendi que o sentir tem muito a ver com o entender... Eu entendi que hoje é um dia triste, daqueles que tudo o que eu mais quero é chorar. E choro, lendo a mensagem mais boba de alguém que gosta de mim, se preocupa comigo, torce por mim e quer meu melhor. Mas às vezes é pouco, sabe? Tem dias que os desapontamentos batem na porta feito cobradores de impostos. Escondem o sol. Encurtam as esperanças. Apertam o peito. Tem vezes que fugir prum novo cantinho parece ser a melhor saída. E é a melhor saída, porque só eu sei o que se passa, e de verdade, eu não suporto mais. Então tenho sentido, através desse anjo, que suportar é diferente de aguentar. O que a gente não suporta, a gente se afasta. O que a gente não aguenta, a gente pede ajuda. Suportar tem a ver com as levezas escuras que incomodam. Suportar é um ato solitário, por isso eu sei que o melhor a fazer é usar mais um pouco das minhas curtas tolerância e paciência. Aguentar tem a ver com os pesos nos ombros. Portanto, aquilo que a gente não aguenta a gente pede ajuda. Eu pedi, mas esse ato solitário tem me deixado um pouco perdida. É uma mistura de carência e excesso de atenção, sabe? Eu gostaria, um dia, de colocar num livro tudo o que eu já enfrentei, e aí me vem uma luz: o livro da minha história, por mais cheia de lutas que tem sido, é um livro em que eu consigo carregar. É um livro que eu sei de cor. Um pouco rabiscado, com páginas arrancadas, e outras tantas que deixei pra depois. Em branco. Acho que é isso, é hora de preencher minhas páginas em branco. É hora de dar continuidade na MINHA história. É hora de colocar nela um castelo e um príncipe encantado. É hora de dar uma festa, de decorar o salão, de escolher o vestido mais bonito, de cuidar dos cabelos, de me amar um pouco mais. Que o mundo saiba que se eu fiquei nunca foi por comodismo, mas porque eu me preocupo demais com aqueles que amo. E se eu sentia que hoje o dia estava triste, o anjo só apareceu pra me lembrar que chorar é viver. Cicatrizar é viver. Seguir em frente é viver. Eu queria muito começar a fazer minha mudança e ir embora pro meu cantinho. Até que a menina que mora dentro de uma mulher me lembrou das histórias de infância, dos contos de fadas. Eu sinto que esse anjo talvez seja essa menina... Boa noite, vou indo nessa, paro por aqui, porque tenho pressa, já que comecei a mais importante mudança: dentro de mim.


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sábado, 4 de maio de 2013

Domingo



Domingo é dia de acordar tarde, degustar o café olhando pela janela, ouvir música alta, tomar de banho de sol. É dia de almoçar fora, ficar com quem a gente gosta, trazer parentes e amigos pra perto. Domingo é dia de ficar de pijama, de ver filme, de comer brigadeiro e pipoca, de deixar o corpo relaxar. Dia de ajeitar as coisas pra segunda-feira, dia de despedir do final de semana. E dia de rezar pra semana ser de paz. Domingo pra mim tem cheiro de jardim florido. Tem cara de paraíso. Tem dedo de Deus.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Propósitos



Nem sempre as coisas saem como planejamos, nem sempre os dias são como esperamos, e por diversas vezes o destino nos trai. É que eu sei que pensar demais me deixou assim, exigente. E me entregar demais me deixou assim, um pouco frio. Juro que tenho me esforçado para ser mais humano e me machucar menos com essa tal de expectativa, mas cá pra nós, é uma delícia esperar atitudes e acontecimentos bonitos, e que no fim acabam não saindo da nossa imaginação. Embora muito do que anseio pareça estar distante, eu sei que essa demora tem o propósito de me tornar alguém melhor. E também a pretensão de me deixar mais humilde, para que lá na frente eu saiba estar verdadeiramente agradecido. Gosto de pensar assim, nos propósitos que a vida deve ter. Eu posso ter me doído diante dos passatempos e imprevistos, ter chorado diante das perdas, ter silenciado diante das asperezas, e até oferecido o coração para alguém pisar. Mas a vida me ensinou que não importa o que me fizeram, mas sim onde eu posso chegar mesmo com a minha história, um pouco pesada, mas ainda sim a MINHA história. E por depositar tanta fé e esperança nos meus dias, ainda mantenho firme a minha capacidade de confiar de novo, acreditar de novo, amar de novo.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Reenconto



Uma hora o amor vem, e com ele a velha mania de encontrar beleza onde não existe. E depois de me embaraçar em outras aventuras, me pego perguntando, em silêncio, até quando irá durar essas lentes que insistem em me fazer ver tudo bonitinho. Ainda não sei se são suspiros por alguém no presente, ou se são suspiros de cansaço. Uma estrada longa, que me levou pro céu, me fez pensar que tinha asas, até o tombo belo e desatino. Recuperei-me, e confesso, com um pouco de medo de amar de novo. E por mais que eu pense no amor quase que durante todo o meu dia, ainda assim tenho minhas resistências. Ser sozinho tem suas regalias, e uma delas é poder partir. Inclusive a cara. Ou talvez seja por isso que as pessoas partem (corações), por não gostarem de amarras.

Eu procurei você nos textos mais bem escritos, e achei que havia encontrado. Li um pouco da sua história por entre suas repetidas palavras. Me surpreendi com sua saberia e sua habilidade incrível em desenhar olhos. Um dia, escondido por entre desconhecidos, fiquei observando seu cuidado ao traçar uma pupila na carteira da escola. Esperei você ir embora, sentei-me no seu lugar e, com tanto esmero, completei teu desenho com uma lágrima. Tive a sensação de que você um dia veria, e talvez pudesse olhar em sua volta, e perceber que além dos que te conhecem existe um, que te ama. Depois de tantas tentativas, fui em busca do convencional, comprei pra você cartão e flores, tulipas, as que você mais adora. E meio que por desavença ou peça do destino, reencontrei um ex-amor, me perguntando pra quem era o presente. - Minha mãe! - sorri -, meu coração voltou a bater forte, besta, bobo, desenfreado, como se tudo o que ele precisasse era de uma proximidade daquele calor, uma temperatura que ele reconhecia o reconfortante trabalhar de sentimentos nobres. Foi aí que tudo (re)aconteceu. E o que eu não procurava, (re)encontrei.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Hoje é só mais um dia



Às vezes o peito aperta, e uma voz que mora dentro da gente nos entristece um pouquinho. Ela diz a verdade, e isso chega a ser bem cruel. Hoje lamento e sinto que é só mais um dia em que as expectativas são bem melhores que a realidade. Um dia, em que prefiro sentar-me à beira de uma calçada qualquer, onde muitas pessoas passam, quase ninguém me olha, e  poucos ficam. Hoje é só mais um dia, em que não quero pensar em nada, só deixar a vida acontecer em algum ponto da cidade. Onde há mais desconhecidos e velhos aposentados do que qualquer sentimento de que a vida é sempre bela. Mais um dia, em que sei que por desavença ou triste destino, perdi pessoas por erros estúpidos e, principalmente, pela estupidez que a morte traz. Hoje é só mais um dia em que me vejo caminhando sem rumo, com a esperança de me esbarrar em alguém com tamanha carência que a minha, para que haja a oportunidade de um amor à primeira vista - embora eu tenha total certeza de que esses desejos que a gente tem, afastam qualquer possibilidade de realização. E mais uma vez a expectativa vence o real e o imaginário. Hoje é dia das coisas inatingíveis, dos sonhos frustrados, dos amores perdidos, da distância dos beijos roubados. Dia também de alimentar o velho e delicioso clichê de se ter saudades de memórias do que nunca se concretizou, e de dizer não a essa vontade imensa de ter pelo que agradecer (porque queria agradecer pelo novo, pelo diferente, pelo que me foge dessa absurda rotina). Hoje eu amanheci pedindo perdão a Deus por não sê-Lo grato por uma vida em quase que pleno equilíbrio, equilíbrio este voltado para todos que amo. Equilíbrio aparente, é claro. Por hoje eu decidi caminhar mais egoísta, e pensar somente em mim, e me esquecer subitamente também. Hoje é dia de me desamar, e não entender porque o pouco insiste em repousar em minhas mãos. Dia de mandar o destino ir catar coquinho, dia de querer gritar pro mundo que sou eu quem manda aqui, nessa minha paradeza, nessa minha vidinha, nesse meu sozinho, nesse meu fim. Uma carta de lamento carrega consigo não só tristezas, mas para além delas a Esperança. De dias melhores. De novidades positivas. De não saber o que pedir com medo de não saberem me interpretar. De nadas, pelo fato da insuficiência de palavras perto do que sinto. Hoje é dia da vontade de que tudo mudasse... pra melhor.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Faíscas



Engraçado como é o amor que a gente sente: por detrás dele há mais do que um simples querer por perto. Há ânsias, sonhos, presentes, presença, vontade de fazer feliz, desejo de completude. Mas que, às vezes, por infeliz ironia, a realidade pousa nos nossos ombros e começamos a perder as lentes dos óculos que antes só viam beleza. Se o amor perdura, e se os defeitos também são apaixonantes, aí sim se fortalece um afeto verdadeiro. Mas se o silêncio insiste em gritar, se a distância aumenta mesmo a poucos passos um do outro, o amor vai se desfazendo em migalhas, até virar pó. Dá muita pena ver um sentimento tão bonito se transformar em uma saudade que insiste nas fotografias. Mas a gente se auto engana, que é pra essa magia boba não passar. Um dia aprendi que ódio é apenas mais uma modalidade do amor... Confesso, ainda restam faíscas de tudo o que vivemos, mas não vou parar o meu caminho por isso. Então vou seguindo, com um rancorzinho bobo, implicado com você, que é pra não acabar tudo de vez.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

domingo, 7 de abril de 2013

Moradia



Meu coração sempre tem espaços pra mais: mais amor, mais verdade, mais pureza, mais leveza, mais gente nova, mais perdão, mais esquecimento, mais dinheiro no bolso, mais momentos com os amigos, mais abraços, mais sorrisos, mais mensagens no celular, mais palavras bonitas, mais poemas, mais bebidas, mais domingos de sol, mais feriados, mais tempo livre, mais disposição, mais sorte, mais fé, mais saúde, mais conteúdo. E nele, há uma portinha dos fundos que sempre despacha aquilo que é ruim, triste e empoeirado: amizade falsa, mentira, inveja, mau agouro, interesse, gente mal agradecida, mágoa, pesos desnecessários. Fiz do peito moradia, por isso vou logo avisando que aqui só tem espaço pra quem merece e faz por onde, não pra quem quer.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Intervalo



Houve um tempo em que eu amava a todos, mesmo sendo deixado de lado, mesmo sendo enganado, mesmo que me fizessem doer. Eu era mestre, um grande mestre em perdoar. Eu me entregava sem limites, mesmo que o caminho se estreitasse, mesmo que me dessem de bandeja um áspero Não. E nem me importava com as consequências, porque naquele tempo o barato da vida era ela me custar bem caro. Até que a gente se cansa. Cansa não, se esgota. Falta ânimo pra qualquer coisa que me tire o conforto de ser eu mesmo. E como disse Caio, o tempo vai passando e a gente vai encontrando formas de se proteger. Mas uma coisa que não perdi foi essa mania de me entregar, de confiar, de gostar muito, logo de cara, de alguém. Até surgir - sempre com o desejo de que nunca aconteça -, uma atitude que vá contra meus valores. Aí eu já fico com o pé atrás, e não sei nem por onde começar uma reaproximação - isso se houver. Não sou de carregar pesos desnecessários. Mágoa pra mim não tem vez. Não tenho rancor de ninguém, e olha que até poderia vir a ter, já que não sou santo. Mas sou exigente. E uma coisa que acredito é que as pessoas deveriam preservar o mínimo de educação que nem é favor a oferecer, é obrigação. Muita gente nem sabe, mas tem me perdido um pouquinho por dia. E posso até voltar, mas não sei fazer as coisas voltarem a ser como antes. Isso é cara de pau, fingir que nada aconteceu. Por isso prefiro seguir cultivando o que traz paz pro peito, pros dias, pra vida. Sou sistemático sim, mas meu sistema é para além do entendimento: pisou em alguém, mesmo que seja pra me proteger, já mostrou um pouco do seu caráter. E gente assim é melhor só ver de longe. Porque no intervalo entre meu 'oi' e meu 'tchau' só cabem os melhores, os bons e os especiais.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sexta-feira, 29 de março de 2013

Medos




Do medo, que possamos tirar proveito daquilo que ele nos ensina. Que saibamos valorizar o 'de agora pra frente', e que os ontens sirvam apenas de lição. Que nada nos impeça de ver a luz do dia, e que as dores, o desamparo e o desespero se amenizem a cada nascer do sol. Que tenhamos força para ir além do 'espiar pela janela', que o arrependimento não nos sirva de pedras nos ombros, e que as vontades não realizadas nos ofereçam novos projetos a serem criados. Porque a vida, por muitas vezes não sendo como gostaríamos, não para pra gente se lamentar. Que valha a pena, todo santo dia, ter saudades, mas que jamais nos anulemos ou percamos a vontade de seguir em frente. E que a resposta pras coisas continuem a chegar de mansinho, porque eu sei que nada é por acaso. Aprendi que é sempre importante manter os pés no chão, e por mais que a razão nos mostre o caminho, tenho entendido que é com o coração que devemos pensar. Sempre.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

domingo, 17 de março de 2013

Quando se ama

Se você ama, você mente, finge, corre, esconde, machuca, magoa, pisa, se arrasta, ignora, joga fora, dá pontapés, inventa histórias, chama de nome feio, ri da cara, faz pirraça, perde, sofre, diz que vai esquecer... Mas não esquece. Cresce. Aprende a tratar como essencial o que antes não lhe fazia falta, não lhe cabia em suas ambições, não pretendia se matar para dar cuidados. Quem ama erra, erra... feio. Quem ama, muitas vezes não merece o perdão, e não o dá. Mas perdoa assim mesmo. Quem ama joga na cara as burradas que o outro fez. Vigia. Perde a confiança. Aprende a ser ambivalente, a estar junto e querer estar bem longe. Mas, acima de tudo e de todos, a precisar. Não banalizo os amores assim, nem os julgo. Os entendo. Compreendo. Sinto compaixão, não pena, e ofereço ombro, doo palavras bobas, ouço com atenção como se fosse uma prece. Quem tá de fora nunca sabe o que é amar-ferindo alguém. Nem eu (ainda bem?). Mas se me dizem é porque existe. E afasto de mim as teorias. Muitas vezes, o querem de nós não é um caminho, uma luz, uma solução. Querem mesmo é nos mostrar que onde há persistência não significa que falte forças para sair. Ao contrário: trata-se de guerreiros da vida, pois restam-lhes forças para ficar.
 
(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Esperas

Havia uma vontade que escorria por entre os dedos feito água, em derramar alegria por onde passava. Não cabia nada mais que levezas em suas peças de roupa, o que combinava perfeitamente com sua alma. Era chegada a hora de dar início à verdadeira vida, aquela provinda de grandes mudanças. Nada repentino, tudo calculado, como mandava o figurino. A organização também sempre fora uma forma de proporc...ionar calmarias. Tudo se encaixava, feito quebra-cabeças, e tudo transpirava maravilhas. O dia de abandonar medos bobos e dar adeus aos ontens que não serviam para contar uma história bonita. O dia de abrir portas, uma atrás da outra, feito criança abrindo presentes no seu aniversário. O dia em que tudo aquilo que sempre quisera estava bem na sua frente, inclusive Deus, que sorria-lhe com saúde e aconchego de mãe. Era chegada a hora das coisas darem certo, de um jeito que a razão por ainda estar vivo tornava-se mais clara. O Quem Sou Eu e o Pra Que Eu Existo estavam postos sobre a mesa, e agora faziam todo o sentido. Quase que a mesma coisa, mas o fato era quem se encaixavam, destino e presente. Perdera a noção do tempo. Abrira a última porta, com uma graciosidade que nunca se viu. Havia somente uma carta, jogada ao chão. Nela dizia: O melhor ainda está por vir. Como, se sentia-se completo? Então desejou com fervor o tal melhor. E até hoje vive de esperas.
 
(Por Geraldo Vilela mano Júnior)

Intervalo

 
 
Sem perceber, a gente carrega a fé por onde anda. A gente aposta nas coisas, nas situações, nas pessoas, por mais que muitas vezes pareça que não vai dar certo. Mas a gente sabe que pode dar. Vai dar. A gente finge que esqueceu de um sonho, mas quando menos espera ele ressurge. O amor também. A gente acha que desgosta das coisas, mas não desgosta. É que o sentimento por aquilo que tanto queremos vezenquando precisa adormecer. O cansaço por lutar tanto pelo que se quer nos faz render. Mas tá ali, eu sei que tá, só esperando um sim, uma nova chance, uma oportunidade. Gosto dos tempos entre os acontecimentos, é o momento de intervalo em que a gente aprende a gostar mais da vida. E a usar a sabedoria adquirida a nosso favor.
 
(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

segunda-feira, 4 de março de 2013

Fechando ciclos



A maioria das pessoas não entende o motivo pelo qual fechamos ciclos, abandonamos projetos, perdemos algo ou somos expulsos, por diversas vezes, do território de paz. O que pretendem de nós, diante de cada possibilidade de mudança, e por mais sofrido que pareça, é que sejamos capazes de rever projetos. Recomeçar. Uma folha não cai por acaso, mas porque seu ciclo termina, e é preciso dar possibilidade a outros. Assim é a vida, e assim somos nós. Podemos, claro, sentir muita pena do fechar de uma porta, mas jamais construir nosso destino por cima das perdas. O que querem de nós é o aprendizado, para que avancemos no campo do saber para além do humano. O que querem de nós é que sejamos o espelho das boas novas, por mais que as perdas insistam em apertar o peito. Quem transforma uma partida em saudade está pronto para receber coisas grandiosas. Quem relembra o fim do ciclo com dor, tem a chance de tentar reconfigurar cada passo dado. Mas se essa chance é desperdiçada, só lhe restará lágrimas, até o último dia. E este, este não poderá dizer que viveu, apenas que passou pelo mundo deixando rastros de lamento.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

De onde mesmo que a felicidade vem?



Quem sabe esse tempo de espera não seja apenas um teste ou uma provação necessária para que eu perca meus medos infantis de ver um amor partir. Ou ficar. Aprender. Semear. Se amar. É nesse tempo sem alguém do lado que entendo que é preciso saber ser feliz sozinho. Porque quem não é feliz consigo mesmo, não é capaz de ser feliz ao lado de outra pessoa. Afinal, felicidade vem de dentro, não do outro.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

O que a gente merece



Uma hora a gente percebe o quanto merece ser feliz. E o quanto as coisas têm que dar certo, têm que entrar nos eixos, têm que funcionar, nem que seja na marra. Quem tá de fora não compreende o quanto a gente se esforça pra merecer cada gesto amigo, cada conquista, cada palavra que soa mais perfumada que flor. Quem não calça os nossos sapatos não vê o tanto que a gente rala pra conseguir respeito, carisma, abraço de quem apareceu há pouco. Por isso temos é que nos ocupar mais com aquilo que provoca a vontade de ser eterno. Temos que dar atenção é pra quem reza pra gente antes de dormir, quem liga pra gente na hora que acorda, quem lembra do nosso aniversário, quem celebra nossas vitórias e estende a mão quando a gente cai. Temos mesmo é que deixar de lado quem só acena de longe, quem esquece da gente quando tá com outras companhias, ou quem tem coragem de dizer que nos ama só quando tá carente. A gente tem é que ter na mente quem nos deu tudo em troca de nada, quem cuida da gente quando falta saúde, quem nos acolhe quando falta dinheiro, quem nos perdoa quando aumentamos o tom de voz, quem nos deu a vida, quem nos ensinou valores, e a amar. Por isso, tô abrindo mão de amizade pingada, de amor mendigado, de sinceridade surrada e de palavra bonita, mas sem verdade. Se é pra ser feliz, tem que ser sem medo e sem dó. Se é pra curtir a vida, que seja com vontade, sem piedade. E se for pra rir, que seja alto, só pras pessoas lembrarem dos lugares de onde a nossa felicidade insiste em brotar: de dentro, do berço, da alma. E de Deus.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Se cuida também



Passei o dia inteiro sem lamentar sua ausência, e confesso que não vivia um dia tão longo desde os meus oito, dez anos. Olhava as horas fingindo que era apenas um ato rotineiro de alguém que tem tantos compromissos, tantos pensamentos, tantos sentimentos, que esqueci de me alimentar, sabe. Não, não foi culpa sua. Não, não quero pena. Foi só um dia um pouco sombrio, mas mantenha a tranquilidade, eu sei que o sol volta amanhã. Me acostumei tanto com a sua presença até criar uma convicção absurda de que você sempre andava comigo, mesmo distante, que eu havia me esquecido de como era saborear meus momentos sem um ponto exato de tentativa de um alcance, meio patético, admito, e que denominei amor. Está sendo bom essa distância, entende? Porque com ela aprendo a me virar, nem que seja pros lados, tentando encontrar vestígios seus. Você sabe, abandonar um livro, ou abrir mão de uma história, nunca foi meu forte. Mas a gente tem que reaprender a viver no mundo real, não era isso que você me dizia? Temos que aprender a 'fincar os pés no chão', mas acho que levei tão a sério que quis ser árvore, criar raiz, ter um lugar fixo ao seu lado. Nossa, como eu quis e sonhei com tudo o que vivemos, foi tudo tão intenso! Aí me desfaço, e me transformo numa árvore frágil e breve, tipo aquelas recém plantadas na porta da escola, e que os moleques não deixam criar vida, crescer, dar frutos. Mas estou bem, acredite. Você pode ter me ensinado a amar, mas também me ensinou a morrer, e eu só sei agradecer por isso. Porque morrer em vida, por dias, meses ou anos, requer sabedoria. Requer silêncio. Requer vontade. Requer elegância, charme, carisma, delicadezas. Escolhi uma morte discreta, confesso, mas de tão discreta que foi, escolhi a vida. Escolhi seguir em frente, voltar, viver outras histórias e deixar pra morrer outro dia. Você nunca mereceu meu fim, mas o meu melhor. Vivemos o melhor. Vai passar, talvez seremos amigos um dia e riremos de muita, muita coisa mesmo. Vou seguir meu caminho agora antes que o dia termine, meio torto, meio bobo, meio perneta. Ah, e aquele 'se cuida' tá de pé, viu? Tão de pé que agora faço algo que ninguém soube fazer: cuidar de mim... Assim como cuidei de você.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)