terça-feira, 28 de maio de 2013

Erros



Todo mundo já errou feio com quem ama. A diferença está em arcar com as consequências ou passar tempos driblando-as para sair 'por cima'. Isso pra mim é mais que falta de caráter - do ponto de vista moral-, é não saber lidar com os próprios defeitos, empurrando-os àqueles que talvez não tenham vontade ou habilidade suficientes para por à prova os nossos erros. O que aprendi com as minhas falhas foi a entender que, queira eu ou não, deverei enfrentar a solidão e a dor de perder a confiança de quem amo. E terei de sobreviver sem tudo aquilo que antes era cômodo e feliz. E terei de aprender a lidar com a saudade e com a culpa, trabalhando arduamente para tentar consertar inclusive os corações que quebrei. Hoje eu posso ver que o tempo é um grande aliado, já que é com o tempo que a poeira abaixa e as coisas começam a ganhar uma menor, e talvez até melhor, importância. O que a vida me mostrou foi a saber sentir a mais profunda dor de perder quem eu amo, mas como recompensa pude conhecer novos lugares, pessoas e sentimentos. Por um lado existe o arrependimento, e imagino que se eu voltasse no tempo, eu agiria diferente sim. Mas não me culpo tanto, uma vez que a verdade sempre dependerá de um ponto de vista. Tenho pena de ter trocado tanta coisa na vida, mas ao mesmo tempo não trocaria meu agora pelo ontem. Por isso, os erros que cometi eu decidi chamá-los de algo mais suave - porém com o peso exato de responsabilidade: Experiência.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Cuide bem



Vai chegar a hora de entender o porquê de tantos desencontros nos nossos encontros, os motivos por cada momento que escorreu entre os nossos dedos, as lágrimas derramadas diante de cada abrir e fechar de mãos, os apertos que ficaram no peito ao simples fato de lembrarmos de alguém, num gesto gentil de adeus. Vai chegar o dia em que os pedidos mais íntimos se tornarão agradecimento, e o coração quase que explodirá de tanta felicidade, e as manhãs de segundas-feiras ganharão um tom azul-anil capaz de nos despertar para o amor e para a vontade de fazer florir. Chegará o momento em que os relacionamentos mal sucedidos terão a forma de um pássaro branco que, voando ao longe, derramará bênçãos à nossa nova história, e que por final das contas seremos capazes de os perdoar, e de nos perdoar também. E toda vez que julgarmos não merecedores de tanta graça, este será o tempo de entregar ao Divino tudo o que Dele veio, e então prometeremos jamais deixar tamanha alegria se perder dentre as desavenças dos caminhos. Chegará a hora em que a troca será o principal motivo para os corações baterem juntos, sem pressa, sem medo, sem se preocuparem em ser aquilo que não se são, e, finalmente, ambos saberão ouvir e viver o que a alma sempre insistiu em dizer: cuide bem do que é seu.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Calmaria



De todas as minhas habilidades, que eu nunca perca aquela que me possibilita acalmar meu coração. Que eu continue acreditando em dias melhores, em pessoas melhores, em momentos melhores. Que eu mantenha minha fé sempre de pé, mesmo que muitas vezes eu pense em desistir. Que os livros continuem me encantando e que eu aceite que minha história não será como nenhum deles - mas que seja bem melhor. Que eu não perca a vontade de me tornar alguém rico em atitudes positivas, principalmente para comigo mesmo. Que o amor e o respeito que tenho por mim continuem me guiando para o lado de pessoas boas, e me afastando de outras não tão boas assim. E que apesar da rotina pesada me tornar alguém cansado, que eu nunca me canse de começar um novo dia, uma nova semana ou um novo ano, com a alma também renovada. Que o amor sempre me aconteça, e que eu aprenda a discerni-lo das paixões avassaladoras que insistem em surgir no meu caminho. Que eu saiba lidar com a expectativa, e que eu a perca de vez em quando também. Que a calma me faça ver melhor os olhares que me querem bem. E que a pressa por ser feliz se transforme em sorrisos, assim como a velha mania de levar a vida tão a sério. Que eu mantenha o equilíbrio sempre que usar o poder da oração. E que os anjos digam Amém.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Mais uma vez, Amor



Me pego outra vez sem você, embora eu te tenha em pensamento quase que nas minhas 19 horas diárias, acordado. Fico pensando no seu sumiço e já não estranho tanto. Apenas sinto: sua falta e por nós. Pelos meus planos que a realidade insiste em me dizer que nunca foram seus. Ou foram, mas seu medo de amar te deixou um pouco frígida. Eu mudaria por você se houvesse um único momento, sabe... Mas seu jeito distante me afirma, de alguma forma, que não posso mais insistir. Eu sei que se você me chamasse eu iria correndo mas, às vezes, pra não dizer sempre, duvido que você faria o mesmo por mim. Foi quando eu me percebi na tentativa de te dar o que não tenho é que entendi o amor. E foi quando eu deixei de te fazer o que eu gostaria que fizesse por mim e passei a ver você que eu aprendi a te amar. Com suas imperfeições e inquietações. Estou me acostumando a te ver passar sem aqueles olhos nos olhos. E também tenho aprendido a suportar a falta que você me faz. Acho que amar é isso, insistir até não ter mais jeito. Se foi pra gostar, eu gastei e gostei tudo o que tinha. Mas agora é hora de dar uma volta, uma arejada talvez. Minhas lutas diárias têm me ensinado tanta coisa... Uma delas é que o amor não é um jogo. Mas quando se torna, acho que sei perder.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Nossa história



Tenho pensado tanto em você que já não consigo passar um dia sequer sem escrever alguma coisa relacionada à nossa linda e breve história. Talvez eu sinta a sua falta, inclusive porque entre tudo o que eu poderia ter sido para você, eu escolhi ser saudade. Talvez, de vez em quando, surja uma revoltazinha por sentir o vento passando entre meus dedos, onde na verdade deveria existir o toque das suas mãos. Talvez o peito aperte, e eu acredite que você poderá voltar, e também duvide que você poderá voltar. Então eu choro discretamente, de uma forma nem Deus possa perceber. Talvez os anos passem, a dor diminua um pouquinho, os sonhos mudem de direção, você perca o meu foco e passe a fazer parte da minha memória mais bonita. Eu deposito todo sentimento que entristece em um emaranhado de papéis amarelados, e aposto mais e mais e mais na fé. Eu anseio pelo futuro, porque é a forma mais atraente que encontrei de me doer menos e me doar mais. Aí me resta sonhar. E seguir. Um dia eu passarei pela graduação, me tornarei um profissional conhecido e bem qualificado, conseguirei amar de novo, tão quanto intensamente, constituirei uma família, conquistarei meu apartamento, também uma casinha na roça, meu carrinho, um cãozinho, um gatinho e um papagaio de estimação. E quando eu estiver bem velhinho, de cabelos brancos, já sentindo as dores fisiológicas do tempo - porque as psicológicas andam comigo desde o dia em que nasci -, eu vou me deitar numa rede e verei a chuva cair de fininho, e terei vontade de esquecer do mundo e me entregar ao meu silêncio, e lembrarei de tudo aquilo conquistei, e me sentirei, mais uma vez, um pouco feliz. E o sol aparecerá, e meus netos chegarão na varanda correndo, e gritarão bem alto: '- olha vovô, sol e chuva, casamento de viúva!' Talvez eu me lembre de você nesse momento, porque será a mesma frase que dissemos juntos da última vez que nos olhamos, sem falar de como corremos pra encontrar um pedaço de madeira primeiro que o outro, para que nenhum dos dois tirasse nossa "sorte". Talvez bata uma vontade de voltar no tempo, de ter insistido mais, lutado mais, me aberto mais, e fizesse mais que tudo para que tivéssemos construído tudo isso juntos, mesmo que um ou outro se perdesse no caminho. Talvez eu me arrependa de não ter feito o impossível para te ter para sempre, até o último dia de minha vida, comigo. Ou talvez essa não seja a minha história, e sim a sua.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Para uma amiga especial em um dia triste




Eu senti um anjo. Não vi, nem ouvi, mas senti. E aprendi que o sentir tem muito a ver com o entender... Eu entendi que hoje é um dia triste, daqueles que tudo o que eu mais quero é chorar. E choro, lendo a mensagem mais boba de alguém que gosta de mim, se preocupa comigo, torce por mim e quer meu melhor. Mas às vezes é pouco, sabe? Tem dias que os desapontamentos batem na porta feito cobradores de impostos. Escondem o sol. Encurtam as esperanças. Apertam o peito. Tem vezes que fugir prum novo cantinho parece ser a melhor saída. E é a melhor saída, porque só eu sei o que se passa, e de verdade, eu não suporto mais. Então tenho sentido, através desse anjo, que suportar é diferente de aguentar. O que a gente não suporta, a gente se afasta. O que a gente não aguenta, a gente pede ajuda. Suportar tem a ver com as levezas escuras que incomodam. Suportar é um ato solitário, por isso eu sei que o melhor a fazer é usar mais um pouco das minhas curtas tolerância e paciência. Aguentar tem a ver com os pesos nos ombros. Portanto, aquilo que a gente não aguenta a gente pede ajuda. Eu pedi, mas esse ato solitário tem me deixado um pouco perdida. É uma mistura de carência e excesso de atenção, sabe? Eu gostaria, um dia, de colocar num livro tudo o que eu já enfrentei, e aí me vem uma luz: o livro da minha história, por mais cheia de lutas que tem sido, é um livro em que eu consigo carregar. É um livro que eu sei de cor. Um pouco rabiscado, com páginas arrancadas, e outras tantas que deixei pra depois. Em branco. Acho que é isso, é hora de preencher minhas páginas em branco. É hora de dar continuidade na MINHA história. É hora de colocar nela um castelo e um príncipe encantado. É hora de dar uma festa, de decorar o salão, de escolher o vestido mais bonito, de cuidar dos cabelos, de me amar um pouco mais. Que o mundo saiba que se eu fiquei nunca foi por comodismo, mas porque eu me preocupo demais com aqueles que amo. E se eu sentia que hoje o dia estava triste, o anjo só apareceu pra me lembrar que chorar é viver. Cicatrizar é viver. Seguir em frente é viver. Eu queria muito começar a fazer minha mudança e ir embora pro meu cantinho. Até que a menina que mora dentro de uma mulher me lembrou das histórias de infância, dos contos de fadas. Eu sinto que esse anjo talvez seja essa menina... Boa noite, vou indo nessa, paro por aqui, porque tenho pressa, já que comecei a mais importante mudança: dentro de mim.


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sábado, 4 de maio de 2013

Domingo



Domingo é dia de acordar tarde, degustar o café olhando pela janela, ouvir música alta, tomar de banho de sol. É dia de almoçar fora, ficar com quem a gente gosta, trazer parentes e amigos pra perto. Domingo é dia de ficar de pijama, de ver filme, de comer brigadeiro e pipoca, de deixar o corpo relaxar. Dia de ajeitar as coisas pra segunda-feira, dia de despedir do final de semana. E dia de rezar pra semana ser de paz. Domingo pra mim tem cheiro de jardim florido. Tem cara de paraíso. Tem dedo de Deus.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

Propósitos



Nem sempre as coisas saem como planejamos, nem sempre os dias são como esperamos, e por diversas vezes o destino nos trai. É que eu sei que pensar demais me deixou assim, exigente. E me entregar demais me deixou assim, um pouco frio. Juro que tenho me esforçado para ser mais humano e me machucar menos com essa tal de expectativa, mas cá pra nós, é uma delícia esperar atitudes e acontecimentos bonitos, e que no fim acabam não saindo da nossa imaginação. Embora muito do que anseio pareça estar distante, eu sei que essa demora tem o propósito de me tornar alguém melhor. E também a pretensão de me deixar mais humilde, para que lá na frente eu saiba estar verdadeiramente agradecido. Gosto de pensar assim, nos propósitos que a vida deve ter. Eu posso ter me doído diante dos passatempos e imprevistos, ter chorado diante das perdas, ter silenciado diante das asperezas, e até oferecido o coração para alguém pisar. Mas a vida me ensinou que não importa o que me fizeram, mas sim onde eu posso chegar mesmo com a minha história, um pouco pesada, mas ainda sim a MINHA história. E por depositar tanta fé e esperança nos meus dias, ainda mantenho firme a minha capacidade de confiar de novo, acreditar de novo, amar de novo.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Reenconto



Uma hora o amor vem, e com ele a velha mania de encontrar beleza onde não existe. E depois de me embaraçar em outras aventuras, me pego perguntando, em silêncio, até quando irá durar essas lentes que insistem em me fazer ver tudo bonitinho. Ainda não sei se são suspiros por alguém no presente, ou se são suspiros de cansaço. Uma estrada longa, que me levou pro céu, me fez pensar que tinha asas, até o tombo belo e desatino. Recuperei-me, e confesso, com um pouco de medo de amar de novo. E por mais que eu pense no amor quase que durante todo o meu dia, ainda assim tenho minhas resistências. Ser sozinho tem suas regalias, e uma delas é poder partir. Inclusive a cara. Ou talvez seja por isso que as pessoas partem (corações), por não gostarem de amarras.

Eu procurei você nos textos mais bem escritos, e achei que havia encontrado. Li um pouco da sua história por entre suas repetidas palavras. Me surpreendi com sua saberia e sua habilidade incrível em desenhar olhos. Um dia, escondido por entre desconhecidos, fiquei observando seu cuidado ao traçar uma pupila na carteira da escola. Esperei você ir embora, sentei-me no seu lugar e, com tanto esmero, completei teu desenho com uma lágrima. Tive a sensação de que você um dia veria, e talvez pudesse olhar em sua volta, e perceber que além dos que te conhecem existe um, que te ama. Depois de tantas tentativas, fui em busca do convencional, comprei pra você cartão e flores, tulipas, as que você mais adora. E meio que por desavença ou peça do destino, reencontrei um ex-amor, me perguntando pra quem era o presente. - Minha mãe! - sorri -, meu coração voltou a bater forte, besta, bobo, desenfreado, como se tudo o que ele precisasse era de uma proximidade daquele calor, uma temperatura que ele reconhecia o reconfortante trabalhar de sentimentos nobres. Foi aí que tudo (re)aconteceu. E o que eu não procurava, (re)encontrei.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Hoje é só mais um dia



Às vezes o peito aperta, e uma voz que mora dentro da gente nos entristece um pouquinho. Ela diz a verdade, e isso chega a ser bem cruel. Hoje lamento e sinto que é só mais um dia em que as expectativas são bem melhores que a realidade. Um dia, em que prefiro sentar-me à beira de uma calçada qualquer, onde muitas pessoas passam, quase ninguém me olha, e  poucos ficam. Hoje é só mais um dia, em que não quero pensar em nada, só deixar a vida acontecer em algum ponto da cidade. Onde há mais desconhecidos e velhos aposentados do que qualquer sentimento de que a vida é sempre bela. Mais um dia, em que sei que por desavença ou triste destino, perdi pessoas por erros estúpidos e, principalmente, pela estupidez que a morte traz. Hoje é só mais um dia em que me vejo caminhando sem rumo, com a esperança de me esbarrar em alguém com tamanha carência que a minha, para que haja a oportunidade de um amor à primeira vista - embora eu tenha total certeza de que esses desejos que a gente tem, afastam qualquer possibilidade de realização. E mais uma vez a expectativa vence o real e o imaginário. Hoje é dia das coisas inatingíveis, dos sonhos frustrados, dos amores perdidos, da distância dos beijos roubados. Dia também de alimentar o velho e delicioso clichê de se ter saudades de memórias do que nunca se concretizou, e de dizer não a essa vontade imensa de ter pelo que agradecer (porque queria agradecer pelo novo, pelo diferente, pelo que me foge dessa absurda rotina). Hoje eu amanheci pedindo perdão a Deus por não sê-Lo grato por uma vida em quase que pleno equilíbrio, equilíbrio este voltado para todos que amo. Equilíbrio aparente, é claro. Por hoje eu decidi caminhar mais egoísta, e pensar somente em mim, e me esquecer subitamente também. Hoje é dia de me desamar, e não entender porque o pouco insiste em repousar em minhas mãos. Dia de mandar o destino ir catar coquinho, dia de querer gritar pro mundo que sou eu quem manda aqui, nessa minha paradeza, nessa minha vidinha, nesse meu sozinho, nesse meu fim. Uma carta de lamento carrega consigo não só tristezas, mas para além delas a Esperança. De dias melhores. De novidades positivas. De não saber o que pedir com medo de não saberem me interpretar. De nadas, pelo fato da insuficiência de palavras perto do que sinto. Hoje é dia da vontade de que tudo mudasse... pra melhor.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)