domingo, 5 de fevereiro de 2012

Confiança




Encantar. Quem nunca? Com uma fotografia, um andado, um cumprimento, um sorriso, um texto, uma música, um olhar. Diferentemente do que estamos acostumados a pensar o que seja amor a primeira vista, encantar requer abertura aos nossos olhos e aos sentimentos. Encantar requer confiança em um futuro, agradecimento ao passado, desafio com o presente. Requer também esvaziamento breve de espaços, o que muitas vezes não o fazemos para fora. Muitas vezes, é como se jogássemos o lixo pra debaixo do tapete, o que nos impossibilita de aproveitar ao máximo da pureza de um sentimento pelo "simples" medo de perder. Perder o que não se tem, mas que se pretende "conquistar". Porém, aos poucos vamos entendendo que conquista tem mais a ver com maturidade do que sensualidade...

Na busca por uma companhia, por mais que queiramos alguém definitivo na vida, existem contratempos. Nem vejo mais o medo impedindo as pessoas de serem felizes, mas a disponibilidade. Disponibilidade de tempo, de investimento de energia e de pensamentos. Trata-se mais de como lidamos com nossos pensamentos em alguém naquele momento corrido do dia-a-dia, do que o que pretendemos fazer a respeito das nossas horas livres. Refere-se mais ao esforço de se mostrar presente do que estar fisicamente juntos. É saber manter a chama acesa mesmo que não haja mais fogo ou lenha, simplesmente por acreditar que podemos ter o coração aquecido por doces lembranças (ou lembranças que geram aprendizados)...

Lembra daquele sumiço? Com ele aprendi a me guiar não para onde costumávamos ir, mas onde eu nunca iria sozinho por medo de me encontrar. Lembra quando descobri que existia uma outra pessoa em sua vida? Foi o mesmo momento em que entendi que as pessoas que mais sofrem são aquelas que não sabem o que querem, e neste caso era você. Lembra das melhores festas, dos melhores restaurantes, dos melhores parques, das melhores praias? Tudo isso só valia a pena porque era a única hora em que eu percebia seu verdadeiro sorriso e sua verdadeira satisfação, e o mais magnífico, éramos só eu e você. Lembra do pôr-do-sol juntos, do beijo na chuva, de rir até a barriga doer, de correr descalço, de passear com os cachorros? Nunca se lembrará, pois era apenas parte do meu sonho e da vida que eu desejava - e pretendia - viver contigo. E quando me dizia que viria me ver, mas sempre arrumava uma desculpa, também se lembra? Aprendi a arrumar desculpas pra mim também, dentre elas a de ter a certeza de que você nem sempre merecia a minha espera, a minha preocupação, o meu melhor. Aprendi a ter forças diante de cada fraqueza, inclusive nos momentos em que prometia não mais te procurar, e procurava; e aprendi a viver depois de quase morrer por medo de te esquecer um dia, apagando de vez aquele amor puro. Aprendi a desconfiar de tudo, me fechei para o mundo, e te agradeço por isso. Se eu não aprendesse a me fechar, talvez eu vivesse sempre com aquele romantismo sem graça, sem cor, sem consistência, sem insistência, sem exigências, sem reticências... Como disse Aristóteles, "Talvez eu seja enganado inúmeras vezes. Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém merece a minha confiança."


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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