terça-feira, 3 de abril de 2012

O que fazer com o Aquele amor

"O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa." (Martha Medeiros)




Ninguém nunca me pediu pra não cultivar um amor no peito. Nem cultivar uma paixão reprimida. Eu mesmo me peguei puxando minha própria orelha diante de um sentimento sem amarração. Mas faz(ia) bem. É sempre bom ter alguém a quem direcionar o pensamento discretamente salpicado por um suspiro. Não amava porque achava atraente, mas porque acima de qualquer coisa eu necessitava. Não de uma outra pessoa, mas de provar a mim mesmo que ainda era capaz de gostar de alguém. Jamais perdi meu tempo lamentando por romances que não deram certo, ao contrário, sempre os agradeci. Agradecia a "fila andando", literalmente. E agradeci, acima de qualquer realidade, ao poder da imaginação. Vivi momentos fantásticos, amores platônicos, surpresas inusitadas, risos bobos, términos com ar de amizade. Na imaginação tive quem eu sempre quis, o que eu sempre quis, e nunca me neguei isso. E acredito que imaginar um amor é poder se aproximar ao máximo dele sem medo, porque quando a gente acorda só fica a sensação de que foi bom, e nem notamos que era apenas uma brincadeirinha com a gente mesmo...

Às vezes peço a Deus desculpa por esse sentimento menor, mesquinho. Dói, mas tem poesia. Dói, mas tem verdade. Dói de vaidade. Mas logo a dor dá espaço aos novos dias, porque de repente bate um vento e nos lembra que a vida é breve e leve. Logo vem um amor novinho em folha para nos relembrar daquele amor do passado, e pra sacudir a gente pelo braço e dizer rigidamente que agora se trata de uma outra pessoa. Em breve, de alguma forma, aprendemos onde erramos, e o essencial, tentamos não errar tanto. Aliás, desaprendemos a nos culpar e passamos a nos Responsabilizar. Um dia, aquele amor que parecia não caber mais dentro do peito ganha a forma de uma concha que cabe na palma da mão. E o que importa não é o que faremos com ela, mas onde a guardaremos. E em se tratando de conchas, talvez o melhor a se fazer seja devolvê-las ao oceano, do contrário teremos a sensação tê-las perdido por pequenos e insignificantes grãos de areia...


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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