sábado, 12 de maio de 2012

Que chegue a primavera!

"Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar, para poder voltar sempre inteira." (Cecília Meireles)




Tenho motivos para escrever sobre algo que não pode ser substituído por palavras. E a maior verdade de todas é: me permiti. Estou me permitindo. Permito. Assim como nem sempre lembramos como começamos novas amizades, não me lembro quando foi a primeira vez em que tive essa sensação de "ter" e "faltar". Tenho você em pensamento. Falta a sua constante presença. Quem inventou a ambivalência, que pare de brincar com os corações, por favor!

Pensar positivamente, em dias atuais, é tarefa para os fortes. Os céticos denominam "tarefa para os lunáticos". Amo a lua, só para problematizar. E tenho fortes sentimentos pelas distâncias que vivemos, sabe porque? Porque amar é gratuito. Não gosto de você pelo que você possui, mas pelo que você me apresenta. Porque você tem o dom de me ensinar mesmo fazendo tudo errado, mesmo esquecendo de mim, mesmo me chamando pra conversar uma vez no mês. Gosto de você pelo cheiro que você me faz sentir, mesmo que seja apenas uma criação minha. Gosto de você pelo seu jeito criança de ser, porque é esse mesmo jeitinho que me lembra o quão fui feliz quando criança, e o quão feliz ainda posso ser. Gosto de você pela paz e tormento que me dá, e por me fazer acreditar que fomos feitos para caminharmos juntos, embora cada um esteja seguindo rotas diferentes. Gosto de você porque toda vez que eu te vejo eu sinto (me iludo, talvez) que você também gosta um pouquinho de mim. E nota minha presença, mesmo que não demonstre. E sente minha falta, mesmo que não perceba. E me quer além de amigo, mesmo que não aceite. Como eu gostaria de poder citar seu nome todas as manhãs para as pessoas que conheço! E como eu gostaria que você tivesse a certeza de que o que eu escrevo tem a ver com vc...

Que chegue a primavera! Que venha logo essa vontade de amar de novo, de cantar sem motivos, de vestir colorido. Que chegue logo a hora de mostrar o coração pra depois mostrar as pernas. Que as atenções se voltem para as mãos dadas, ao invés da colcha de retalhos solitária que nos esquenta e nos sufoca sem que percebamos a cada inverno. Que desapareça o medo de ser feliz a dois. Que nenhuma bebida tenha mais valor que qualquer relacionamento. Que possamos aprender a deixar partir, assim como as árvores aprenderam a abrir mão de suas folhas a cada troca de estação. Porque tudo tem um tempo de validade, e tomar doses de amores vencidos também pode fazer mal à saúde. E que as pessoas sejam livres para se separarem, mas que antes tenham a consciência do que querem realmente. E saber o que se quer toma muito tempo da gente. Muito.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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