quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Flor azul



A cada acontecimento, procurava uma explicação para o seu alívio. E ignorava os maus sentimentos, porque para si não era permitido senti-los. Até que ficou cheio, abafado. E se viu no espelho brilhante demais, trabalhado demais, feito um lustre de fino porte. Colorido, bonito, atraente, engraçado, meigo, amoroso, leve aos outros olhares, feito um balão. E vazio, feito um balão. Procurava entender de onde vinha essa tristeza, e a nomeou angústia, pois angústias são sentidas, não explicadas. E começou a perceber suas atitudes diante de dias ruins. Deixou um pouco de lado as explicações e se permitiu decepcionar, chatear, ter raiva, ódio, chorar. O susto pela permissão desses sentimentos paralisava cada músculo da sua face. Foi lindo sentir tudo isso - pensou. Trocou subitamente a palavra lindo por importante. Engrandecedor talvez. E necessário. Não como uma forma constante de olhar as coisas, mas como uma maneira sincera de se viver. E compreendeu que sorrisos sinceros são sementes delicadas, que precisam ser cultivadas com pequenas e cuidadosas doses de sofrimentos elaborados. Estava tornando-se fiel a si. 'Mas pra onde foi essa pessoa que aprendeu a ser gente?' - Alguém perguntou. Regar a flor azul que enfim nasceu.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

2 comentários:

  1. Olá... simplesmente adorei aqui...

    To seguindo
    Bjks
    ✿Daiana – Dias Melhores para Sempre!
    http://daidesiderio.blogspot.com

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  2. Oi Daiana! Seja sempre bem vinda! Obrigado pelo seu comentário, definitivamente alegrou meu blog. Beijos! ;)

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