quarta-feira, 22 de agosto de 2012

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Sabe quando você passa muito tempo sentado de mal jeito, sobre a perna, e depois não consegue se levantar? Aquela dormência chatinha, que te faz parecer rir de tão sem graça, mas trata-se de um quase choro? É por aí que quero falar. Porém, sobre outra parte do corpo. O coração. O órgão do corpo que a gente menos sente quando "formiga". Debruçamos expectativas sobre o peito que quase nem bombeia sangue pra sobreviver. E a gente cuida de quem está fora, e vai deixando de perceber a importância que se tem por dentro. As batidas do coração enfraquecem, ou não são mais sentidas por causa dessa dormência. E dormem sonhos. E dormem vontades. E dormem aqueles sorrisos de paz. Lembra aquele momento em que você faz uma compra e sai sem o produto? Daí você sente que falta alguma coisa, que está esquecendo de alguma coisa. Até perceber que faltava você! Caramba, como pude esquecer o produto mais valioso, pelo qual gasto minhas energias, meu tempo, meu trabalho? Onde está a gente na hora que a gente mais precisa, meu Deus? E a gente pensa em cair fora, pensa em ficar, pensa se suporta, até que criamos coragem, uma linda coragem de dizer "basta"! Então os órgãos do sentido voltam a trabalhar com a intuição, coisa que nunca, nunquinha, deveria ter deixado de acontecer. E o ouvido melhora, e é claro, a gente ouve melhor até o que não é dito. Pois a gente sabe direitinho quando o coração de outra pessoa não está batendo no ritmo do nosso. Então você decide ir embora, mesmo com medo, mesmo com vontade de ficar, mesmo com vontade de desaparecer, mesmo com aquele Para Sempre transformado em Nunca Mais, mas no fundo algo diz que será melhor. Porque se a gente não escuta os "nãos" do amor a tempo, se a gente não desliga daquilo que não funciona, ou se a gente persiste em algo sem futuro bonito, corremos o risco de perder a história que sempre esperamos viver.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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