sábado, 3 de novembro de 2012

Dias melhores



Tenho agradecido muito pelas novas situações em minha vida: me permiti viver melhor. Me fizeram acreditar que eu fosse uma pessoa de pouca conversa, poucos amigos, poucas histórias pra contar. Acreditei, e eu, que sempre lutei pelos meus ideais, comecei a viver na sombra de outras pessoas. Por ter a obrigação de entender o outro, me sentia no dever de ceder. Então fui vendo meus dias virarem cinza, em que a capacidade de escolha fugia das minhas mãos. Sim, abri mão de muitas coisas pra ver pessoas felizes (e muitas delas, eu tenho certeza que valeu a pena!). Nunca escondi de ninguém que com muitos eu tenho laços, com outros - neste caso, a minoria - prefiros os nós. E o que me fez desatar os nós que me enforcavam foram as pessoas mal agradecidas, os eventos negativos, ou aqueles que ainda não sabem o que querem. O mundo está repleto disso! O incrível é que você inicialmente tem um prejulgamento que pode estar certo, mas o seu dever de entender o homem holístico tornou-se maior que seus direitos de cuidar de si mesmo, de sentir a forma como algo se apresenta aos seus olhos, às suas mãos. Então jogamos ao léu a nossa capacidade de intuição, apostando em teorias. E transformamos uma pessoa comum, ou às vezes não tão boa assim, em amigos, amores, parcerias. E alimentamos a necessidade da presença do outro sem sequer olhar para nós mesmos. Aprendemos o jeito do outro, fazemos de tudo, absolutamente tudo para agradar, e o que nos sobra? Impaciências, tristezas, somatizações. Até que numa tarde comum e ensolarada de agosto, um anjo toca em sua mente, em seus ombros, em seu coração. Você passa a perceber o quão curta é a vida pra se preocupar com insignificâncias. Você aprende, um pouquinho a cada dia, a eliminar tudo aquilo que te trava, te prende ou te sufoca o riso. Você começa a dar valor em você a partir do momento em que decide o que merece. No meu caso, decidi o que eu não merecia. Interessantíssimo com as cores reluzem quando você começa a entrar em sintonia consigo mesmo, é o que, magicamente, tem me acontecido. Quando deixei de dar atenção àquelas vozes que criticavam tudo o que chegava (que poderia sim ser presentes especiais), foi que a luz começou entrar. Perdoei muitos e enormes erros sim. Atitudes estranhas, pessimimos, palavras ao vento, promessas não cumpridas, sorrisos falsos, mentirinhas (das menores até as mais sérias), também. E não, nem pretendo as esquecer. Quem utiliza as palavras como instrumento de trabalho sabe perfeitamente onde se aloja um discurso e a capacidade que ele tem em nos fazer doer, doentes. Comecei a eleger denominadores em comum, que é a forma como as pessoas têm em se vitimizar. "Ninguém me liga, ninguém me ama, ninguém é o bom o bastante pra mim, ninguém...". Grandes distorções cognitivas crescem, enraizam, e tenho plena consciência que este é um dos momentos onde as pessoas presisam de ajuda - excepcionalmente psicológica. Apoio ajuda, não atitudes. Como podem as pessoas não perceberem o muito que fizeram para elas, algo tão óbvio quanto o nascer do dia? A verdade está em querer enxergar sem se fazer sofrer. Essa é uma forma das pessoas se defenderem, eu sei, mas a partir de hoje, fora de uma boa parte da minha vida profissional, não me deixarei levar pelos mecanismos de defesa alheios. Não mais. Eu não preciso ser sempre o primeiro a correr atrás, pedir desculpas, iniciar uma conversa, telefonar, mandar flores, sorrir. Mas sempre, sempre serei o primeiro pr'aqueles que passaram pela minha análise reflexiva de merecimento, porque o que eu tenho de mais importante são as pessoas que amo. E se entre elas, houver uma que viva de apontar defeitos alheios (que muitas vezes não são alheios), não hesitarei em desatar os nós da vida: manterei apenas os laços, fáceis de reatar, fáceis de refazer. Uma laranja podre entre laranjas saudáveis apodrece o cesto inteiro, isso é natural! E por acreditar tanto na força da natureza, dos belos destinos, da felicidade para todos, comecei a concordar com a teoria das águas em algumas situações: contornar obstáculos...

...Melhor é seguir cantando: "[...] Dias melhores pra sempre..." (Jota Quest)

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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