quinta-feira, 16 de maio de 2013

Nossa história



Tenho pensado tanto em você que já não consigo passar um dia sequer sem escrever alguma coisa relacionada à nossa linda e breve história. Talvez eu sinta a sua falta, inclusive porque entre tudo o que eu poderia ter sido para você, eu escolhi ser saudade. Talvez, de vez em quando, surja uma revoltazinha por sentir o vento passando entre meus dedos, onde na verdade deveria existir o toque das suas mãos. Talvez o peito aperte, e eu acredite que você poderá voltar, e também duvide que você poderá voltar. Então eu choro discretamente, de uma forma nem Deus possa perceber. Talvez os anos passem, a dor diminua um pouquinho, os sonhos mudem de direção, você perca o meu foco e passe a fazer parte da minha memória mais bonita. Eu deposito todo sentimento que entristece em um emaranhado de papéis amarelados, e aposto mais e mais e mais na fé. Eu anseio pelo futuro, porque é a forma mais atraente que encontrei de me doer menos e me doar mais. Aí me resta sonhar. E seguir. Um dia eu passarei pela graduação, me tornarei um profissional conhecido e bem qualificado, conseguirei amar de novo, tão quanto intensamente, constituirei uma família, conquistarei meu apartamento, também uma casinha na roça, meu carrinho, um cãozinho, um gatinho e um papagaio de estimação. E quando eu estiver bem velhinho, de cabelos brancos, já sentindo as dores fisiológicas do tempo - porque as psicológicas andam comigo desde o dia em que nasci -, eu vou me deitar numa rede e verei a chuva cair de fininho, e terei vontade de esquecer do mundo e me entregar ao meu silêncio, e lembrarei de tudo aquilo conquistei, e me sentirei, mais uma vez, um pouco feliz. E o sol aparecerá, e meus netos chegarão na varanda correndo, e gritarão bem alto: '- olha vovô, sol e chuva, casamento de viúva!' Talvez eu me lembre de você nesse momento, porque será a mesma frase que dissemos juntos da última vez que nos olhamos, sem falar de como corremos pra encontrar um pedaço de madeira primeiro que o outro, para que nenhum dos dois tirasse nossa "sorte". Talvez bata uma vontade de voltar no tempo, de ter insistido mais, lutado mais, me aberto mais, e fizesse mais que tudo para que tivéssemos construído tudo isso juntos, mesmo que um ou outro se perdesse no caminho. Talvez eu me arrependa de não ter feito o impossível para te ter para sempre, até o último dia de minha vida, comigo. Ou talvez essa não seja a minha história, e sim a sua.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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