sexta-feira, 3 de maio de 2013

Reenconto



Uma hora o amor vem, e com ele a velha mania de encontrar beleza onde não existe. E depois de me embaraçar em outras aventuras, me pego perguntando, em silêncio, até quando irá durar essas lentes que insistem em me fazer ver tudo bonitinho. Ainda não sei se são suspiros por alguém no presente, ou se são suspiros de cansaço. Uma estrada longa, que me levou pro céu, me fez pensar que tinha asas, até o tombo belo e desatino. Recuperei-me, e confesso, com um pouco de medo de amar de novo. E por mais que eu pense no amor quase que durante todo o meu dia, ainda assim tenho minhas resistências. Ser sozinho tem suas regalias, e uma delas é poder partir. Inclusive a cara. Ou talvez seja por isso que as pessoas partem (corações), por não gostarem de amarras.

Eu procurei você nos textos mais bem escritos, e achei que havia encontrado. Li um pouco da sua história por entre suas repetidas palavras. Me surpreendi com sua saberia e sua habilidade incrível em desenhar olhos. Um dia, escondido por entre desconhecidos, fiquei observando seu cuidado ao traçar uma pupila na carteira da escola. Esperei você ir embora, sentei-me no seu lugar e, com tanto esmero, completei teu desenho com uma lágrima. Tive a sensação de que você um dia veria, e talvez pudesse olhar em sua volta, e perceber que além dos que te conhecem existe um, que te ama. Depois de tantas tentativas, fui em busca do convencional, comprei pra você cartão e flores, tulipas, as que você mais adora. E meio que por desavença ou peça do destino, reencontrei um ex-amor, me perguntando pra quem era o presente. - Minha mãe! - sorri -, meu coração voltou a bater forte, besta, bobo, desenfreado, como se tudo o que ele precisasse era de uma proximidade daquele calor, uma temperatura que ele reconhecia o reconfortante trabalhar de sentimentos nobres. Foi aí que tudo (re)aconteceu. E o que eu não procurava, (re)encontrei.

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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