domingo, 10 de julho de 2011

Saudade

Escorre pelos olhos a saudade que já não cabe mais no coração...




Saudade... Sentimento que adora chegar à noite, quando estamos sós. Ela existe pra molhar nosso travesseiro, pra fazer apertar nosso peito, pra calar nossa voz. Se eu pudesse transformá-la em pó, com certeza teria um ataque alérgico. Ora, saudade é o que mais tenho vivido nos últimos tempos. E olha que nem era pra ser assim com os dias breves que venho levando. Mas e quem disse que a saudade está aí pra nós? Ela só quer alguém pra manifestar sua existência e nos mostrar a todo momento que precisamos do que está de fora pra ser feliz. Saudade é na verdade uma falta sem cura, que só ameniza quando se está junto, mas não se pode matá-la. Saudade do que viveu, do que ouviu, do que viu, do que sentiu. Saudade de quem morreu, quem se foi, quem não disse adeus. Saudade de quem partiu, de quem sumiu, de quem correu. Saudade. Sentimento sem nenhuma nobreza, que nos faz perder o ar por não ter dito tudo o que queríamos, por não ter aproveitado mais cada instante, por algo que ainda não vivemos... Claro que é possível sentir saudade daquilo que não vivemos! Basta deitar, imaginar uma, duas, três vezes ou mais momentos que seriam inesquecíveis com alguém especial e logo suspirar de saudade. Como se tivéssemos vivido algo em nosso pensamento que nos trouxe sensações e nos deixou marcas. Felizmente podemos nos satisfazer ao menos em pensamento, pois se não fosse isso talvez perdêssemos a graça de viver. O bom da saudade é isso, ela nos faz lacrimejar e voltar a ter brilho nos olhos antes opacos por viver na escuridão. E é quando você chora que contrai os músculos dos olhos, do rosto, e se faz jovem novamente, e se faz gente novamente, e se faz forte novamente. As pessoas se vão, a saudade fica. O dia termina, a saudade aparece. Se eu tivesse força suficiente, talvez reviveria algumas coisas em minha vida, alguns amores, algumas perdas. Mas pensaria rapidamente e agradeceria, afinal, pra que reviver a perda se já doeu uma vez? Prefiro ficar na minha, tomar bons drinks e quando me deitar, sozinho, suspirar...

E sentir saudade...


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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