domingo, 10 de julho de 2011

Não pratico o desapego

"Eu acredito que tudo acontece por um motivo. As pessoas mudam para que você consiga deixá-las para lá. As coisas dão mal para você aprender a apreciá-las quando estão boas. E às vezes, coisas boas se separam para que coisas melhores ainda se juntem." (Marilyn Monroe)





Não acredito no desapego. Praticar o desapego é procurar razões pra odiar aquilo que mais se amou. Eu quero paz, só isso. Diariamente, recebemos e-mail e lemos coisas que já se tornaram clichês. São frases, pensamentos, parágrafos e textos que nos conduzem a ver o que passou da forma mais estúpida e hipócrita que possa existir. Talvez o que eu escreva não seja diferente, mas acredite, aqui está o meu melhor. Longe de mim fazer pregações de bondade e caridade, não quero isso. Muito menos te fazer se sentir melhor. Estaria no caminho da fábrica do narcisismo, do bem estar único, individual, e foda-se pro resto. Não, esse não sou eu. Procuro me entender escrevendo. E escrevo sem me entender, apenas com o mínimo de conhecimento adquirido ao longo de minhas vivências.

Não são as palavras desaforadas que me farão perceber o que passou de uma forma diferente. São os significados que dei a cada sentimento, a cada escolha, a cada culpa. O que passou foi ruim e foi bom, mas isso não interferiu em sua marca nas lembranças. O que passou tem seus motivos pra ser passado, mas com certeza nem sempre foram escolhas nossas. Os amores, os amigos, os momentos. Pobre de nós que queremos sempre ter a razão, racionalizar o quanto for preciso pra livrarmos da culpa e mantermo-nos psicologicamente saudáveis. A verdade é essa, muitas vezes agimos erroneamente e não sabemos assumir ou aceitar isso. O orgulho é nosso pai, a vergonha nossa mãe, a culpa nossa irmã caçula e a tristeza a irmã mais velha. E nós, quem nos tornamos? Fazemos parte dessa família de sentimentos e vivemos em conflitos. Seguimos as ordens do nosso pai, respeitamos nossa mãe, queremos controlar nossa irmã caçula e somos controlados por nossa irmã mais velha. Não é essa a lei?

Não pratico o desapego, acho isso impossível. Quando me lembro de esquecer, percebo que continuei a pensar. Apenas altero a ordem das minhas prioridades. Quando a ordem está refeita, aí sim tento mais uma vez. E se não deu certo, não me limito a sorrir uma lágrima nem a chorar um sorriso. Se eu tiver uma boa noite de sono, faço tudo diferente, isso se houver o amanhã...


(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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