domingo, 10 de julho de 2011

Qual o seu medo?

"Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda. Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho. Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento. Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho. Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social. Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes. Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho. Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim. Meu maior medo é a expectativa de dar certo na família, que não me deixa ao menos dar errado. Meu maior medo é escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo. Meu maior medo é que a metade do rosto que apanho com a mão seja convencida a partir com a metade do rosto que não alcanço. Meu maior medo é escrever para não pensar." (Fabrício Carpinejar)





A gente vive cada bobeira que às vezes tenho vontade de rir e de chorar. Vivemos como se fôssemos os donos do mundo, pisando em cada ser humano que consideramos pequenos, e julgamo-nos sempre os melhores. Somos seres dignos de compaixão. A cada dia a gente aprende um pouco mais, mas não internalizamos esse pouco porque queremos o muito. O muito, o diferente e o exótico, quando belos aos nossos olhos, nos atrai. A gente se cansa fácil uns dos outros, a gente quer tudo aquilo que nossos olhos não conseguem ver, e não percebemos que estamos a todo momento desistindo de tudo aquilo de lindo que já possuímos em busca daquilo que acreditamos existir. Porque você estica tanto o pescoço quando está em uma roda de amigos, porque você se desliga durante as suas conversas e sua mente viaja para longe, um lugar extremamente vazio? Porque você tem facilidade de amar tudo o que vem de lugares desconhecidos, mas não é capaz de amar aquilo que foi feito com esmero e você conhece bem a procedência? Porque você vive dizendo que isso aqui, esse lugar, essas pessoas, esse universo, é pouco pra você? Não, não quero que fique, não quero que ninguém crie raízes, muito menos que abra mão dos seus sonhos. Quero apenas que você olhe uma vez de fora pra dentro, esqueça um pouco esse olhar de dentro pra fora, esse olhar que nos ensinaram a ter desde criança, um olhar narcísico no qual só nos ensinou a ver a vida do seu ponto de vista. Se eu não aprendi a olhar primeiro o que está em minha volta, eu não aprendi a selecionar o que é bom pra mim. Se eu estou tão acostumado a me ver e espelhar o que tenho nos outros, eu então desisti de crescer. Eu banalizei o sofrimento e a alegria alheia, eu aprendi a culpar os outros pela falta que sinto de mim mesmo. O meu medo não é ficar sozinho, é desistir de mim. E essa é a pior das solidões!

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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