sexta-feira, 15 de julho de 2011

Todos os dias a sorte vem pra você

"A felicidade é como uma borboleta. Quanto mais você a persegue, mais ela se esquiva. Mas se você voltar sua atenção para outras coisas ela virá pousar calmamente nos seus ombros" (Thoreau).



Temos pressa em ser feliz, temos ânsia por satisfação, queremos estar com um amor do lado, com a saúde no auge, com a família reunida, com os amigos na cola, com os problemas resolvidos, com a atenção voltada para nós. Queremos o reconhecimento em tudo o que fazemos. Não me lembro de ter vivido tudo isso de uma só vez. Mas é bom ter sido dessa forma, sabe... Eu não teria a capacidade de dar atenção a toda essa felicidade. E a deixaria escapar aos poucos, até notar o quanto era feliz e não sabia. A sorte bate à nossa porta todos os dias. Mas estamos tão preocupados com outras coisas que não sabemos valorizar, nem tampouco notar as preciosidades que existem em nossa vida. Precisamos é dar a devida atenção a cada acontecimento. Seu amor pode estar do seu lado, esperando você notá-lo. A gente colocou na cabeça que nosso amor está longe, ou talvez se esconde de nós. E ficamos esperando a hora certa pra ser feliz. Somos nós que nos enganamos, vivemos de expectativas e não aprendemos a amar o que nos foi dado. Um dia, quando perdemos a saúde, esperamos o retorno dela para aproveitar a vida. Se perdemos um grande amor, esperamos nos sentir melhores para começar a se cuidar. Se estamos com problemas familiares, nos afastamos ou rezamos para que tudo fique bem, mas não conseguimos seguir sem olhar pra trás, sem o medo de coisas piores acontecerem. Cada uma dessas coisas nos tira um pouco de energia, um pouco de tempo, um pouco de atenção. Não dá pra ser feliz por inteiro, do contrário, sem queixas não teríamos o combustível que nos faz seguir em frente: o desejo. Desejar, sonhar, querer é diferente de esperar. Expectativas, de alguma forma, são sentimentos de que as coisas caiam do céu da nossa maneira. Isso não existe. Somos nós quem manipulamos as coisas a nosso favor, ou não... Absolutamente ninguém poderá me mostrar a minha sorte, a minha felicidade, apenas eu...

Decidi por mim mesmo correr atrás daquilo que eu acreditava. Corri riscos, perdi pessoas, coisas, sonhos... Decidi por mim mesmo abandonar cada pedacinho de felicidade em busca de algo que eu não conhecia, mas acreditava ser maior e mais duradouro. Até o dia que entendi que minha vontade de abandonar o que eu já tinha para conquistar coisas que não conhecia teria como rota final aquilo que eu já possuía antes. Só que em menor quantidade e intensidade. Quantas pessoas abandonamos porque as jugamos pouco? E no fim percebemos que são pessoas que sempre estiveram do nosso lado, e sempre estarão. Um dia vivenciei isso, e perguntei: - Poxa, você sempre esteve do meu lado, perguntando sobre minha vida, se preocupando comigo, e eu nem aí pra você. Porque não me deixou? E fui surpreendido com a resposta: - Procurei te amar quando você menos merecia, pois notei que era a hora que você mais precisava...

Um dia a gente aprende a amar não com os olhos, mas com o coração. Aprende também que por mais que estamos perdidos, alguém está à nossa procura. Aprende que quanto mais distante queremos ficar, mais nos aproximamos. E que o amor existe, e que o amor dá a vida, e que se não nos cuidarmos, o amor nos destrói. Aprende que amar exige força, coragem, disciplina, escuta, boa conduta, perseverança e sorte. Porque o caminho do amor sempre vai  se encontrar com o da dor. A gente aprende que dizer eu te amo é fácil, difícil é sentir isso. Aprende que as pessoas vão nos querer, vão demonstrar sentimentos, vão se declarar, e talvez fiquem por tempos e tempos, ou até pelo resto de nossas vidas, mas elas nunca serão propriedade nossa. E entende o quanto somos responsáveis por aqueles que nos admiram, mesmo que estejamos repletos de defeitos. Aprendemos a orar por aqueles que não nos agradam, pois só assim pra que possamos engolí-los, suportá-los, sem o desejo de vingança. Aprende também que ter compaixão é mais nobre que ter raiva. Um dia aprendemos a valorizar aquilo que temos, a dar mais atenção aos que nos amam, a ser mais calmos com nossos familiares, a respeitar nossos sentimentos, nosso corpo, nosso bolso. Aprendemos que a impulsividade só nos faz dar arrancos, nunca passos. Um dia aprendemos a olhar para as pessoas além do que elas aparentam, além do que elas fazem, além do que elas têm. E percebemos que temos muito mais características e valores do que aqueles que nos foi ensinado, e aprendemos muito mais do que pretendíamos, e choramos mais do que suportaríamos, e festejamos mais do que o panejávamos, e sorrimos mais do que esperávamos, e sentimos mais felicidade nas lembranças do que naqueles momentos passados. E isso é ser gente, é ser sentimento, é ser vivido, é ser você...

(Por Geraldo Vilela Mano Júnior)

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